Nutrition Spain , Salamanca, Thursday, March 10 of 2011, 16:34

Pesquisadores de Béjar estudam maneira de medir o grau de brancura da lã

Projeto é um primeiro passo para que a indústria encontre sistemas de clareamento que permitam oferecer um produto de melhor qualidade

José Pichel Ándres/DICYT A história da cidade de Béjar, localizada na província de Salamanca, está muito ligada à indústria têxtil, mas os novos tempos exigem melhoras e inovação para que este tipo de negócio continue sendo lucrativo. Neste aspecto o mundo acadêmico pode ser essencial como apoio através da pesquisa. Por isso, um grupo da Escola Técnica Superior de Engenharia Industrial, pertencente à Universidade de Salamanca, decidiu começar a trabalhar com a lã. O processo de preparação e de branqueamento deste produto, desde a raspagem da ovelha, até a confecção da peça de roupa, é longo, caro e imperfeito, de maneira que o objetivo a longo-prazo é encontrar melhores sistemas que os atuais ao serviço de uma empresa local, mas o rigor científico exige um primeiro passo: conseguir um sistema confiável para medir o grau de brancura.

 

Apesar de que a simples vista possa parecer que todas as lãs são brancas, na verdade estas apresentam tons amarelados muito diversos e que se misturam. Na cor influenciam fatores genéticos da ovelha, mas também a alimentação, as condições ambientais e as do armazenamento da lã uma vez raspada, como explica Javier Ramón Sánchez, cientista do Departamento de Engenharia Química e Têxtil que coordena esta pesquisa.

 

A lã é classificada por seu comprimento, diâmetro e cor, diferenciando-se em vários tipos. Neste sentido, as lãs espanholas costumam ter muitas impurezas, enquanto que no mundo as mais apreciadas são as australianas e sul-africanas por ter fibras de maior comprimento e mais finas.

 

Uma vez que o pêlo da ovelha é tosquiado, é obtida uma lã suja, com gordura e que mistura cores. A lavagem industrial a que a submetemos não impede que continue tendo restos vegetais ou minerais. Depois, passa pela cardadora, que a deixa parecida a uma espécie de véu uma vez esticadas e homogeneizadas as fibras. Outras máquinas chamadas tecedeiras aperfeiçoam o trabalho fazendo com que o tecido fique ainda mais homogêneo e eliminando as fibras curtas. Finalmente, nas máquinas se obtêm um fio que é amarelado e que tem que ser submetido ao branqueamento e eliminação de impurezas vegetais através de produtos químicos.

 

Cor e preço

 

A cor da lã influencia de forma importante no seu preço, mas a empresa de Béjar, Manufacturas S. A., com a que colabora o grupo de pesquisa, só chega até o processo de tecelagem, antes de produzir o branqueamento. Por isso, o objetivo é desenvolver um sistema que permite realizar esse branqueamento antes da fase de tecelagem. No entanto, para começar a desenvolver um método que o permita, o primeiro passo para os cientistas é medir o grau de brancura.

 

Esta medição é realizada em um aparato chamado espectofotômetro de reflexão. “Lança uma luz que é refletida pelo tecido e recolhida em um detector, isto e, simula o funcionamento do olho humano”, assinala Sánchez. Na verdade, a luz se descompõe nas cores azul, verde e vermelho e o cérebro integra estes sinais. Neste caso, o sinal que envia o espectofotômetro é processado por um computador, em um software que mede as cores e também o grau de brancura.

 

Os pesquisadores procuram desenvolver um sistema para medir esta brancura depois da tecelagem e da lavagem industrial. No entanto, trata-se de algo complicado porque no velo procedente da ovelha existem fibras de características muito distintas com respeito ao comprimento, espessura e cor. “Sem uma boa preparação prévia da amostra na qual fiquem bem misturadas as fibras, não é possível obter-se um resultado homogêneo”, afirma Sánchez.

 

Apesar de existir algumas normas internacionais sobre como realizar este tipo de medições, geralmente através de dispositivos especiais de cristal nos que se introduz sob pressão certa quantidade de matéria antes de observá-la no espectofotômetro, os pesquisadores de Béjar consideram que “não se obtêm resultados reproduzíveis”, e, portanto, científicos.

 

A busca por um procedimento preciso passa por encontrar uma preparação da amostra que a faça homogênea. Os estudos incluem a realização de branqueamento da matéria-prima com diferentes graus de reativos. O objetivo principal é inovar nas primeiras etapas do processo.

 

As qualidades de uma fibra natural, ecológica e protetora

 

A lã é um produto que o ser humano emprega há milhares de anos e, no entanto, longe de ser antiquada como matéria-prima, continua sendo essencial no vestuário apesar do aparecimento de novos tecidos, sobretudo nos últimos tempos. Ademais, especialistas auguram uma longa vida para este produto tão tradicional, uma vez que apresenta características inigualáveis e, de fato, é um componente comum de muitos tipos de roupa, roupa esportiva, tapetes, carpetes, inclusive roupas protetoras.

 

Para começar, absorve e elimina a umidade, de maneira que quem a veste sente muito confortável, já que se adapta a distintas situações. Também, devido ao seu alto conteúdo em água e nitrogênio, é um tecido não-ignífugo, mas bastante resistente ao fogo de forma natural, sem aditivos químicos, além de proporcionar proteção contra os raios ultra-violetas.

 

O pesquisador Javier Sánchez Roman destaca que se trata de “uma matéria-prima natural, renovável, reciclável e biodegradável”, valores que atualmente são muito demandados diante da preocupação pelo meio ambiente.

 

Por isso, a todas as propriedades atribuídas a ela tradicionalmente e às que conhecemos atualmente, devemos somar o fato de que se trata de uma fibra ecológica e, portanto, um recurso sustentável.