Salud España , Salamanca, Miércoles, 21 de diciembre de 2011 a las 15:54

Universidade de Salamanca estuda processos de degeneração da retina

Trabalho de Concepción Lillo, pesquisadora do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl), foca-se no papel da família de proteínas CRB

JPA/DICYT A Universidade de Salamanca é pioneira no estudo da família de proteínas CRB e de sua implicação nos processos de degeneração da retina nos humanos graças à pesquisa desenvolvida pela cientista do Departamento de Biologia Celular e Patologia, María Concepción Lillo, que trabalha no Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl). O projeto aportará dados básicos para a compreensão da biologia celular e molecular das proteínas de adesão celular desta família e da maneira com a qual participam nos processos iniciais de diferenciação celular na retina, o que constitui um conhecimento imprescindível ao desenho de estratégias terapêuticas orientadas a pacientes com retinite pigmentosa tipo 12 e amaurose congênita de Leber.

 

Segundo informou no dia 19 de dezembro à Área de Comunicação da Universidade de Salamanca, o objetivo principal da iniciativa é pesquisar o funcionamento concreto das proteínas CRB2 de forma individual e conjuntamente, identificar aquelas com as quais estão associadas no tecido retiniano e determinar se as mutações nos genes para CRB2 e/ou CRB3 estão envolvidas em distrofias retinianas. Até hoje a maioria dos estudos realizados focaram-se no gene CRB1, cujas mutações causam cerca de 10% da cegueira congênita e também foram associadas a varias distrofias retinianas. Ainda que se saiba que a CRB2 e a CRB3 se expressam na retina, não existem dados exatos acerca de sua função nesse órgão, de modo que a Universidade está à frente na pesquisa básica nesta área de estudo.

 

Nesse sentido, a iniciativa desenvolvida pela professora Lillo e sua equipe de pesquisa explora a possibilidade de que a CRB2 seja imprescindível para preservar a função e homeostase do epitélio pigmentário e que suas mutações poderiam causar a desregulação do mesmo, acelerando os processos que desencadeiam a Degeneração Macular Relacionada à Idade, dentre outras distrofias. Por outro lado, em relação à CRB2, os estudos realizados pelo grupo orientam-se a demonstrar que se encontra presente na membrana plasmática que rodeia o cílio dos bastões e em seus terminais sinápticos.

 

Paralelamente, com o estudo será aberto um novo caminho para entender a relação mais ou menos direta que a CRB2 tem com a doença de Alzheimer e a Degeneração Macular Relacionada à Idade, doenças associadas. Para tanto, pesquisarão a atividade da CRB2 e sua implicação no bloqueio da proteína Gamma Secretasa no epitélio pigmentário.

 

Transfecção Celular da proteína CRB1 saudável

 

Um dos objetivos principais no tratamento de doenças retinianas é restaurar a função das proteínas cuja mutação causa patologia. Nesta área a cientista da Usal propõe uma técnica inovadora a partir do uso do agente de transfecção Chariot, que demonstra ser menos citotóxica e lesiva que as utilizadas normalmente, baseadas na terapia gênica ou na liberação de fatores de crescimento no olho do afetado.

 

Os estudos realizados com Chariot, da companhia Active Motif, demonstram que é um peptídeo de grande eficácia que proporciona um sistema de transfecção rápido e eficiente (60% - 95% de células transfectadas em menos de duas horas), funciona em uma grande quantidade de linhas celulares de cultivo, facilita estudos de funções protéicas em células em cultivo ou em tecido vivo. Já foi publicado que com este método é possível transferir rapidamente e efetivamente anticorpos a células de Müller (células gliales da retina), tanto no cultivo, quanto na retina original, após injeção intra-ocular.

 

Depois dos resultados bem-sucedidos os cientistas da Usal utilizarão a inovadora técnica para tentar restaurar a função da proteína CRB1 nas células defeituosas dos ratos mutados que expressem degeneração retiniana e analisar, assim, se a doença é suprimida ou desacelerada. Os resultados deste projeto serão pioneiros na avaliação do potencial de uma ferramenta terapêutica dirigida especificamente ao tratamento da retinose pigmentária e da amaurose congênita de Leber.

 

Retinose pigmentária e amaurose congênita de Leber

 

A retinose pigmentária é uma patologia congênita que afeta cerca de 200.000 pessoas em todo o mundo, na qual os elementos da visão encarregados de captar a luz e transmitir esse sinal ao cérebro (cones e bastões) deixam de funcionar progressivamente, afetando primeiro a visão periférica e noturna, até causar a cegueira parcial ou completa. Até hoje foram identificados 150 genes envolvidos nas distrofias da retina, 42 dos quais incidem diretamente na retinose pigmentária. Sabe-se que na Espanha 6,25% da população que apresenta esta distrofia possui uma mutação no gene CRB1, o que representa uma proporção importante.

 

Por outro lado, pelo nome de amaurose congênita de Leber se conhece o grupo de distrofias retinianas de causa genética que produz um grave déficit visual nas crianças a partir de seus primeiros meses de vida. Até agora se averiguou que nela estão envolvidos 13 genes e que a CRB1 situa-se como principal causadora na Espanha desta distrofia. De fato, 20% das crianças que desta padecem possuem uma mutação neste gene. Do mesmo modo, por comunidades autônomas, constatou-se que a maior porcentagem da população que apresenta esta patologia está em Castela e Leão.

 

Definitivamente, a pesquisa básica desenvolvida por Concepción Lillo no Instituto de Neurociências de Castela e Leão, da Universidade de Salamanca, e sua equipe, da qual fazem parte os membros do Departamento de Biologia Celular e Patologia, Saúl Herranz e Antonio Escudero, será importante para obter avanços científicos que resultem em patentes de possível aplicação na terapia clínica, a médio ou longo prazo, em retinopatias.