Health Spain , Valladolid, Friday, February 25 of 2011, 10:52

“Os biomarcadores são ferramentas úteis para o diagnóstico clínico”

Diretora científica da Bioftalmik explica que antes é necessário que se cumpra com uma série de requisitos

Cristina G. Pedraz/DICYT Um biomarcador é qualquer parâmetro biológico mensurável que permite conhecer, por exemplo, o estado de uma doença ou a resposta a um fármaco. Nos dias de hoje, são utilizados freqüentemente em áreas como a oncologia, e começa-se a estender a outras como à oftalmologia. No entanto, seu uso como ferramenta de ajuda ao diagnóstico clínico é controvertido. Tatiana Suarez, direto científica da empresa especializada Bioftalmik, com sede no Parque Tecnológico de Vizcaya, assegura que os biomarcadores são uma ferramenta útil de apoio ao diagnóstico “sempre que se cumpram uma série de critérios para que sejam efetivos e válidos”.

 

A especialista participou do Seminário de Pesquisa do Instituto de Oftalmobiologia Aplicada (IOBA) de Valladolid no dia 23 de fevereiro, onde detalhou quais características devem ser consideradas para o diagnóstico de uma patologia. “Devem apresentar uma coerência com o processo que está sendo avaliado. Em nenhum momento podemos desvincular a biologia ou a química do que ocorre na clínica, por melhor que pareça ser um biomarcador, se a relação com a clínica não existe ou não é coerente, não é válido e não solucionará um problema para os médicos”, destaca.

 

Por outro lado, é necessário determinar se este marcador único tem o poder de diagnóstico tão grande a ponto de ser considerado por si só uma resposta ou se temos que considerar outros marcadores, “que é o que ocorre na maioria dos casos”, completa. Por último, está o critério de validez, que radica em determinar “a sensibilidade desse marcador, a especificidade e o poder preditivo, para comprovar quantos falsos positivos ou falso negativos podemos obter em um diagnóstico clínico”, dada a grande importância que tem o diagnóstico para os médicos, por exemplo para a geração de um tratamento. Estes aspectos comprovam-se através de uma série de análises informáticas que devem ser realizadas aos biomarcadores uma vez validados.

 

Aplicações

 

Com relação à aplicação dos biomarcadores como ferramentas de diagnóstico, Tatiana Suarez lembra que onde mais se está usando é no campo da oncologia. “Quando há algum tipo de sintoma clínico, costuma-se pedir uma série de marcadores tumorais. Apesar de muitos, para cada tipo de câncer se trata de um diferente e ademais pode estar expressando-se em mais de um”. Assim, observa-se que com a utilização de um só marcador para diagnosticar uma patologia não é suficiente, de maneira que “costuma-se utilizar um grupo discreto de biomarcadores”, capazes de dar uma informação suficientemente potente e contribuir com o diagnóstico.

 

A especialista afirma que os biomarcadores cada dia mais se incorporam a outras áreas, como a de doenças cardiovasculares. No caso da oftalmologia, área de trabalho tanto do IOBA como de Bioftalmik, “não existem biomarcadores estabelecidos para patologias da superfície ocular”, apesar de em patologias como o glaucoma já existir marcadores genéticos que começam a associar-se com sua presença. De qualquer forma, insiste, “nem sempre o mesmo marcador está associado a todos os pacientes”, é mais “como um quebra-cabeça que tem quer ser completado a medida que se realizam as pesquisas”.

 

Conteúdo do seminário

 

O objetivo do encontro é atualizar conhecimentos sobre o que são os biomarcadores e sua aplicação no diagnóstico clínico, “uma vez que é um tema atual e cada vez mais usado e com maior ênfase como uma ferramenta de ajuda ao diagnóstico”. Em primeiro lugar, a especialista aprofundará o conceito de biomarcador, as características que devem ser cumpridas para que seja efetivo e nas diferentes aplicações tanto em clínica como em toxicologia ou outras áreas.

 

Posteriormente, falará sobre os biomarcadores tumorais que estão sendo utilizados hoje na clínica médica e como se realiza sua busca. “Graças a técnicas potentes e novas como a proteômica, a metabolômica e a genômica, o que procuramos é estudar não só um, mas todos os genes, todas as proteínas e todos os metabólitos de um organismo, um tecido ou um indivíduo”, detalha. Finalmente, aprofundar no trabalho que está desenvolvendo Bioftalmik hoje nesta linha, com exemplos em torno a patologias importantes como a síndrome do olho seco ou a alergia ocular infantil.