Salud España , Salamanca, Martes, 14 de abril de 2009 a las 12:22

As mulheres apresentam maior predisposição genética que os homens a sentir dor quando sofrem de uma mesma doença

Pesquisadores da Universidade de Salamanca analisam variações genéticas que condicionam as vias de transmissão e percepção de sensações dolorosas.

Ana Victoria Pérez/DICYT. As mulheres apresentam maior predisposição genética que os homens a sentir dor, quando sofrem de uma mesma doença. Essa é apenas uma das conclusões a que chegou a pesquisadora Pilar Armeno, após quatro anos de trabalho nos laboratórios da Faculdade de Medicina da Universidade de Salamanca. Durante todo esse tempo, e graças ao apoio da "Cátedra del Dolor de la Fundación Grünenthal y de la Unidad del Dolor del Hospital Clínico Universitário" de Salamanca, essa jovem pesquisadora concentrou esforços decifrando códigos genéticos que tornam determinados seres humanos mais propensos ao sofrimento.


A pesquisa contou com a presença de dois coordenadores "de luxo", tal como explicou à DICYT a própria Pilar Armer, uma vez que todos os trabalhos relacionados com as análises biológico-moleculares estiveram supervisionadas pelo professor de Medicina da Universidade de Salamanca, Rogelio González Sarmiento; enquanto que a participação do doutor Clemente Muriel, em seu duplo papel de diretor da "Unidad de Dolor del Hospital Clínico" e de responsável pela "Cátedra del Dolor da Fundación Grünenthal", foi decisiva na hora de contar com as mais de 300 amostras de ácido desoxiribonucléico (DNA) com as quais se trabalhou.

 

"A maior parte das amostras de DNA que analisámos correspondem a casos de dor neuropática, um tipo de dor que surge quando há lesão, doença ou secção completa em sistema nervoso periférico ou central, e que persiste mesmo na ausência de um estímulo nocivo periférico", comenta a pesquisadora. A dor neuropática é, na atualidade, um dos maiores desafios enfrentados pelos profissionais médicos na questão do manejo da dor crônica, e pesquisas como a de Pilar Armero podem contribuir de forma significativa para esclarecer parte dos mecanismos que a ativam.


É partindo de amostras de sangue periférico coletadas em pacientes tratados na Unidade da Dor do Hospital Clínico de Salamanca que Pilar Armero obtém as amostras de DNA que são analisadas posteriormente.


Cada uma das amostras está acompanhada de uma ficha onde são registrados os principais dados do paciente, tais como o tipo de patologia que sofre, o tratamento que está recebendo, e a resposta ao tratamento. "O que analisamos em cada amostra de DNA são os diferentes polimorfismos (variações genéticas), que já foram descritos em estudos anteriores em pesquisa básica, desenvolvidos em modelos animais ou em cultivos celulares, mostrando se os referidos polimorfismos estão ou não presentes em seres humanos, e determinando se estão relacionados às diversas vias de transmissão da dor"


Entre as variações genéticas que despertaram a atenção dos pesquisadores até o momento, estão as que regulam as vias de neurotransmissão, tais como o sistema GABAérgico ou o ácido gamaminobutírico e os receptores opióides ou as oxidonitricossintases.

 

Opções de Tratamento


A pesquisa no campo da genética e da dor elucida diversos caminhos a pesquisadores e clínicos. Um deles passa pelo desenvolvimento da farmacogenética. Pilar Armero explica como "o estudo das mais de 300 amostras que já passaram pelo nosso laboratório nos permitiu mostrar que existem fatores genéticos que condicionam o metabolismo dos diferentes fármacos". A análise pormenorizada dos ditos fatores genéticos nos permitiria, por exemplo, classificar os pacientes em metabolizadores rápidos, lentos ou médios, facilitando aos profissionais da área da saúde a seleção do fármaco mais adequado para cada paciente, e mesmo sua posologia (ou dose e forma em que devem ser administrados).

 

Para isso, entretanto, estes pioneiros da pesquisa genética (só existem quatro artigos publicados neste campo) têm de se aprofundar nos estudos. Apenas com um número maior de amostras analisadas se poderia agrupar os pacientes não apenas em função do tipo de dor que sofrem, mas também em função do tipo de doença que lhes causa dor.