Depressão na velhice é mais comum em idosos em casas de repouso
Carolina Ferreira Medeiros/ComCiência/Labjor/Dicyt - O Brasil está passando por um processo de envelhecimento populacional rápido e intenso. Segundo o Banco Mundial, a população idosa brasileira nas próximas quatro décadas passará de menos de vinte milhões em 2010 para aproximadamente 65 milhões em 2050. Em função do envelhecimento populacional, do aumento das condições crônicas de saúde e da necessidade de cuidados especializados, a demanda por Instituições de Longa Permanência para Idosos – (ILPI), as chamadas casas de repouso, tende a aumentar.
Uma das grandes preocupações no cenário da institucionalização dos idosos é a alta prevalência de sintomas depressivos entre os seus moradores. A depressão na terceira idade é mais comum entre os idosos institucionalizados do que entre os que moram junto às famílias.
O estudo mostrou que 35% dos residentes em ILPI podem sofrer de sintomas depressivos, doença que em estágios mais graves é considerada a principal causa de incapacidade em todo mundo, segundo a World Health Organization. A doença ocupa ainda o quarto lugar entre as dez principais causas de patologia e, segundo as projeções, ocupará o segundo lugar nos próximos vinte anos.
Sabe-se que o diagnóstico precoce desses sintomas pode contribuir para melhorar o cuidado e a qualidade de vida dos idosos. Um importante fator que influencia a incidência de sintomas depressivos entre idosos institucionalizados é a deterioração do suporte familiar e a distância dos entes familiares, podendo provocar situações de solidão e isolamento afetivo, sentimentos de abandono e sensação de vazio.
A pesquisa realizada no Brasil aponta que as visitas por parte dos familiares tendem a diminuir à medida que o tempo de internação aumenta; o que reforça a teoria de que os laços familiares se fragilizam com o passar do tempo. Diante disso, faz-se necessária a avaliação da funcionalidade familiar. Enquanto recurso terapêutico, ela é uma ferramenta importante no auxílio às equipes que prestam assistência aos idosos. Embora a funcionalidade familiar seja um tema já estudado com idosos, há uma lacuna ainda no conhecimento sobre funcionalidade familiar de idosos residentes em ILPI.
O objetivo do trabalho foi analisar a relação entre os sintomas depressivos com a funcionalidade familiar de idosos institucionalizados. E, para isso, foi realizado um estudo descritivo, analítico, transversal e de caráter quantitativo. A pesquisa envolveu 107 idosos, sendo 42 homens e 65 mulheres, todos residentes de casas de repouso na cidade de São Carlos, no interior de São Paulo.
Os resultados obtidos a partir da aplicação de um questionário foram publicados na Revista da Escola de Enfermagem da USP e apontam que a porcentagem de mulheres com sintomas depressivos (69%) é mais que o dobro das que não sofrem a doença (31%). E uma situação semelhante pode ser vista em relação aos homens, 64% sofrem com a depressão, contra 31%. Quando há a presença da família os valores são bem menores.