Health Spain , Salamanca, Monday, March 15 of 2010, 13:47

Uma pesquisa analisa a heterogeneidade do câncer de mama para encontrar terapias mais específicas

O cientista português Carlos Caldas, do Cambridge Research Institute, visitou o Centro de Pesquisa do Câncer de Salamanca

JPA/DICYT Carlos Caldas, pesquisador do Cambridge Research Institute, é um cientista português que desenvolve há 22 anos seu trabalho no exterior. Atualmente, realiza um estudo sobre os diferentes tipos de câncer de mama, pois não se trata de uma única doença, segundo explica, mas de uma série de patologias que podem ser suscetíveis a tratamentos diferenciados. Na jornada de hoje visitou o Centro de Pesquisa do Câncer de Salamanca para apresentar alguns dados de sua pesquisa que ainda não foram publicados.

 

“Estamos tentando entender a heterogeneidade molecular e conhecer quais são as conseqüências clínicas e biológicas da mesma, porque o câncer de mama é uma combinação de danos que afetam a um mesmo órgão e que tem cursos clínicos distintos e biologia muito diferente”, afirmou o especialista em declarações ao DiCYT.

 

O laboratório em que trabalha, em colaboração com cientistas canadenses, analisou o perfil molecular de 2.000 casos de câncer de mama, o que “nos dá um retrato molecular que nunca tivemos da patologia”, assegura, e assim “podemos começar a estudar melhores maneira de diagnosticar, prognosticar e tratar o câncer de mama”. Os casos analisados pertencem a mulheres do Reino Unido e do Canadá e podem servir para que no futuro possa-se prever se um câncer terá um bom curso clínico ou não. A chave está em descobrir “os diferentes níveis de ativação ou inativação dos genes no câncer de mama”. A doença, insiste, é muito heterogênea, de maneira que “é muito importante classificar os tumores nos diferentes tipos, já que isso tem implicações para o tratamento”.

 

80% de sobrevivência

 

Em qualquer caso, os avanços na pesquisa do câncer de mama são superiores ao de outros tumores e, geralmente, é um dos tipos de câncer com melhores prognósticos. “Houve muita pesquisa. Na Europa, as mulheres têm grande propensão a desenvolver câncer de mama, mas a sobrevivência aos 10 anos de pesquisa já é de 80%”, indica. Apesar de tudo, 20% das mulheres que desenvolvem a doença ainda morrem por essa causa, o que continua sendo um grande problema, porque é muito comum, de maneira que ainda “há que desenvolver melhores métodos para tratá-la”.

 

Ainda que, no momento, Carlos Caldas não conte com nenhum projeto de pesquisa concreto com o Centro do Câncer, “os cientistas, por natureza, colaboram uns com os outros, e aqui estou impressionado com a Universidade de Salamanca e com o Centro de Câncer, há colegas de grande nível e no futuro existirá essa colaboração”, aponta.