Alimentación España , Salamanca, Martes, 19 de octubre de 2010 a las 13:13

Rede de seis países ibero-americanos realiza estudos etnobotânicos

Distintos usos dados a árvores frutíferas importadas da Europa faz com que sejam geradas novas variedades da mesma espécie na América

José Pichel Andrés/DICYT Uma rede formada por cientistas da Argentina, Bolívia, Equador, México, Peru e Espanha estuda as relações entre comunidades humanas locais e plantas dos respectivos ambientes onde vivem, isto é, a Etnobotânica. Os especialistas se reúnem a partir de hoje e ao longo de toda a semana em Salamanca para compartilhar os resultados que, desde 2007, obtêm esta Rede Iberoamericana de saberes e práticas locais sobre o ambiente vegetal (Risapret), financiada pelo Programa Iberoamericano Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (Cyted).

 

“Nos esforçamos em compartilhar o que estudamos aqui e lá”, declara a DiCYT Francisco Amich, pesquisador do Departamento de Botânica da Universidade de Salamanca. Trata-se de analisar, por exemplo, quais plantas medicinais podem ser comuns tanto na América como na Europa a partir das experiências de trabalho dos distintos grupos de cientistas, apesar de que não haver muitas coincidências entre os dois lados do Atlântico, reconhecem.

 

“Quando os espanhóis chegaram à América e viram que algumas plantas se pareciam às daqui, deram-lhes o mesmo nome”, assinala o especialista, o que dá lugar a muitas confusões. No entanto, as únicas coincidências devem-se à plantas européias que os espanhóis levaram ao Novo Mundo e vice-versa, as plantas americanas que acabaram na Europa. Por isso, um dos propósitos é o de realizar uma lista de bases de dados que revele coincidências.

 

A reunião final desta rede ocorrerá quando se conclua o financiamento por parte do Programa Cyted, de forma que um dos objetivos dos cientistas é analisar a possibilidade de solicitar mais recursos para seguir adiante com o projeto. Ademais, a presença destes pesquisadores em Salamanca serve para realizar o curso extraordinário Los conocimientos etnobotánicos y su importancia para la conservación del patrimonio y la diversidad biocultural, que oferece a partir de hoje a Universidade.

 

O caso das árvores frutíferas na Argentina

 

Na jornada de hoje, uma pesquisadora argentina explicou um projeto de pesquisa concreto que foi possível graças a esta rede formada entre cientistas argentino e espanhóis. Trata-se do estudo sobre árvores frutíferas do Velho Continente que foram levadas a Argentina. “A pressão da seleção por parte do homem afetou as características das árvores”, explica Norma Hilgert, cientista do Centro de Investigações da Mata Atlântica, em Puerto Iguazú. Por isso, a pesquisa consiste em “ver como os usos afetaram a diferenciação destas espécies”, porque “se está interessado em usar as folhas, provavelmente selecionará árvores que apresentam estas características; ou se do fruto interessa-lhe a semente, você selecionará os que tenham pouca polpa e semente grande”, exemplifica.

 

Assim, “com 200 ou 300 anos de pressão seletiva, uma árvore evolui de forma distinta ainda que seja a mesma espécie e são criadas variedades ou morfotipos distintos”, declara. “Pelo menos essa é a teoria e queremos ver em que medida pode ser demonstrada com o que encontramos”, declara a especialista, que trabalha neste projeto junto a um grupo de Alicante.

 

No contexto do curso extraordinário, Norma Hilgert realizou hoje uma revisão pelas etnociências, seus inícios, evolução e etapas históricas, explicando as bases teóricas e as linhas desenvolvidas na Argentina. “Existem grupos que continuam trabalhando em uma Etnobotânica descritiva, com base no tipo de uso que é feito dos recursos, enquanto outros grupos estudam os processos de aquisição do conhecimento, perda do mesmo, mudanças ou diferenças entre culturas e ambientes”, assinala.

 

Em sua opinião, dentro da Etnobotânica, em todas as partes são estudadas as mesmas linhas e as diferenças dependem mais das tendências de cada grupo de pesquisa. Por isso, valoriza a contribuição da rede ibero-americana. “O objetivo destas redes é promover o intercâmbio entre distintos grupos, de maneira que podem ser desenvolvidos projetos interdisciplinares ou inter-universitários”, destaca.