Ciencia España , León, Lunes, 02 de julio de 2012 a las 11:22

Recupera-se parte do genoma de dois caçadores-coletores que viveram em León há 7.000 anos

Trata-se do genoma mais antigo da Pré-história européia, a frente do encontrado em Ötizi, no Tirol, pertencente a um homem de 5.300 anos

CSIC/CGP/DICYT Uma equipe de cientistas orientada pelo pesquisador do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) Carles Lalueza-Fox, recuperou pela primeira vez parte do genoma de dois indivíduos que viveram no Mesolítico há 7.000 anos. Os restos procedem da jazida de La Braña-Arintero, localizada em Valdelugueros (León). Os resultados do estudo, publicados na revista Current Biology, indicam que as populações ibéricas atuais não procedem geneticamente destes grupos.

 

O Mesolítico, que está entre o Paleolítico e o Neolítico, caracteriza-se pela chegada da agricultura, procedente do Oriente Médio. O genoma encontrado é, portanto, o mais antigo da Pré-história, e supera a Ötzi, O Homem de Gelo, em 1.700 anos.

 

Os pesquisadores recuperaram, ademais, o genoma mitocondrial completo de um dos indivíduos, de modo que determinaram que durante o Mesolítico as populações européias eram muito uniformes geneticamente. “Estes caçadores-coletores tinham hábitos nômades e uma origem comum. Apesar de sua distância geográfica, indivíduos das regiões que correspondem atualmente à Inglaterra, Alemanha, Lituânia, Polônia e Espanha, compartilhavam a mesma linhagem mitocondrial”, detalha Carles Lalueza-Foz, do Instituto de Biologia Evolutiva, centro misto do CSIC e da Universidade Pompeu Fabra.

 

Os dados genômicos, que representam 1,34% e 0,5% do total do genoma dos indivíduos, revelam que estão diretamente relacionados com as populações atuais da Península Ibérica. Os ibéricos do Mesolítico se encontravam mais próximos das populações atuais do norte da Europa, que poderiam haver assimilado parte do legado genético destes caçadores-coletores.

 

A jazida de La Braña-Arineto foi descoberta de forma casual em 2006. O arqueólogo da Junta de Castela e Leão, Julio Manuel Vidal Encinas, que também participa do estudo, a escavou posteriormente. A caverna, por sua localização em uma área fria e montanhosa, é um lugar propício para o boa conservação do DNA dos dois indivíduos descobertos em seu interior.

 

Os restos mais antigos da Pré-história

 

“Até agora somente dispúnhamos de um genoma da pré-história européia, o do Ötizi (batizado também como o Homem do Gelo), do Neolítico. Sua múmia, pertencente a um homem que viveu há 5.300 anos, foi descoberta nos Alpes do Tirol, na fronteira entre Austria e Itália. A Braña-Arintero oferece uma oportunidade única de obter genomas anteriores ao neolítico”, destaca o pesquisador do CSIC.

 

De acordo com Lalueza-Fox, este é apenas o primeiro resultado, já que a intenção da equipe é recuperar o genoma completo destes indivíduos e compará-lo com o do ser humano moderno. “A chegada do Neolítico representou uma substituição de populações e pode haver provocado mudanças genéticas no genes associados a novas doenças infecciosas nos genes metabólicos ligados a mudanças na dieta, de modo que a informação aportada por este genoma será muito importante”, explica o pesquisador do CSIC.