Projeto nacional desenvolve sistemas para reduzir os acidentes por colisão lateral
Cristina G. Pedraz/DICYT Ainda que a freqüência das colisões laterais seja média, possuem uma alta taxa de mortalidade devido à gravidade do impacto. Concretamente, estima-se que estas colisões são responsáveis por mais de 40% das mortes na Espanha, o que fez com que a comunidade científica do país desenvolvesse novas soluções tecnológicas para proteger os passageiros dos veículos dos impactos. Sete empresas e dez centros de pesquisa e universidades espanholas formaram um consórcio para realizar o projeto Cenit Adapta, focado no desenvolvimento de tecnologias de proteção lateral inteligentes e adaptáveis, com um orçamento próximo aos 27 milhões de euros. O trabalho, liderado por Dalphi Metal España (localizada no Parque Tecnológico de Boecillo), foi realizado nos últimos quatro anos.
Conforme explica a diretora geral do projeto, Flor Neira, a elevada taxa de mortalidade associada aos impactos laterais se deve a vários motivos, como “as altas velocidades de intrusão e as deformações do habitáculo do veículo em direção ao passageiro quando ocorre a batida, o pouco espaço do habitáculo, os reduzidos tempos de reação e o escasso espaço de operação dos dispositivos de proteção, ou a proximidade do passageiro da estrutura lateral”.
Em sua opinião, os sistemas de segurança existentes nos veículos precisam solucionar o problema das batidas laterais com um nível de eficiência equivalente ao das colisões frontais. “O carro deve adiantar-se, prever o impacto e preparar-se para ele”, afirma a coordenadora do projeto Adapta, que enfatiza que as principais novidades do trabalho estão na implementação de sistemas inteligentes “que procuram conhecer o tipo de impacto a ser produzido”, e adaptáveis, “para que cada colisão tenha um sistema de proteção independente e adaptado a cada indivíduo, já que um passageiro pequeno, com pouco peso e tamanho não é igual a um grande”.
Segundo ela, o consórcio do projeto fez uma abordagem “global” dos problemas associados às colisões laterais, a fim de reduzir o número de vitimas e a gravidade das lesões. Dentre os sistemas apresentados encontram-se tecnologias de visão, detecção, transmissão de dados e sistemas de retenção, um airbag lateral externo, um assento móvel, uma barra de proteção lateral inflável, ou equipamentos que atuam graças aos sistemas de detecção integrados do veículo, capazes de ser ativados milissegundos antes de que a colisão aconteça.
Conforme afirma Flor Neira, o veículo observa o exterior através de um complexo sistemas de câmaras “para prever o impacto com uma porcentagem de eficácia próxima a 100%”. Então, prepara-se para o evento antes de que aconteça, a fim “de melhorar a capacidade de absorção de energia do impacto”. Posteriormente, “abre-se levemente a porta, infla-se a barra anti-intrusão, ativam-se os airbag externos, e no espaço interior o assento de desloca e gira para ampliar o espaço, ativando-se um airbag interior três vezes maior do que os atuais”.
Deste modo, assegura o responsável pelos testes de batidas da SEAT, Javier Luzón, é possível obter “uma melhoria próxima a 72% na intrusão da costela inferior, de 63% em relação à força do abdome e de 41% na força da pélvis do passageiro”.
Testes no Cidaut
Estes resultados foram alcançados após uma série de testes realizados nas instalações do centro tecnológico Cidaut. A empresa SEAT foi responsável por integrar os diferentes sistemas desenvolvidos em um só veículo, um Altea XXL com cinco estrelas Euro NCAP. Foram realizados diferentes testes de batidas laterais a 50km/h e, em um deles, a 60km/h, “para dar um passo a mais”, e comprovou-se “que todos os sistemas propostos ativam-se antes do instante do primeiro contato”.
Do mesmo modo, Javier Luzón conclui que os sistemas desenvolvidos conceitualmente foram integrados de forma satisfatória a nível físico e funcional no veículo testado, e que as reduções nos valores registrados pelos manequins em todos os testes demonstram “o enorme potencial deste tipo de sistemas”. No entanto, ainda são um “embrião” e faltam vários anos “para que cheguem, estes ou outros, ao mercado”, afirma.
Apresentação presidida por Carmen Vela
O ato de apresentação do projeto Avanza foi presidido pela secretária de Estado de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, Carmen Vela, que enfatizou a rentabilidade social da Ciência. “A PD&I é um conjunto e todos devemos pensar desse modo, e não fracioná-la para conseguir a transferência”, detalhou, ao mesmo tempo em que enfatiza que sua continuidade trará “produtos, serviços e trabalho para os cidadãos”. Do mesmo modo, insiste que a transferência linear entre universidade e empresa não é efetiva. “Acabou-se o tempo da transferência bilateral universidade-empresa. A transferência de conhecimento deve fluir em todas as direções, também da empresa à universidade, e entre setores e territórios”, agrega.
Durante o ato também estiveram presentes, dentre outros, o conselheiro de Economia e Emprego da Junta de Castela e Leão, Tomás Villanueva, e a diretora geral do CDTI (Centro para o Desenvolvimento Tecnológico Industrial), Elisa Robles, que avaliou os resultados da convocatória Cenit. “O impacto da convocatória Cenit foi muito positivo para o sistema de PD&I espanhol, 80% dos participantes esperam firmar novos acordos de cooperação, 80% também obtiveram melhoras no mercado, e aproximadamente 72% aumentaram sua internacionalização”, detalha.