Pesquisam o estado ecológico dos pântanos da bacia do Duero na província de Ávila

Cristina G. Pedraz/DICYT Pesquisadores da Universidade Católica de Ávila (UCAV) analisam o estado ecológico dos pântanos da bacia do Duero localizados ao norte da província. O objetivo geral da iniciativa é aumentar o conhecimento sobre estes pântanos, os menos estudados do conjunto da bacia do Duero, e assim facilitar o cumprimento da Diretiva Marco da Água, que desde o ano 2000 pretende evitar a deterioração das massas de água dos países membros da União Européia.

Conforme explicou à DiCYT Esther Luis Rosado, pesquisadora do Grupo de Ecologia Florestal e de Áreas Úmidas da UCAV, o estudo pretende caracterizar estas águas “analisando seus componentes principais e possíveis contaminantes”, bem como “identificar e quantificar as microalgas bentônicas (que habitam o fundo dessas massas de água), estabelecer a dinâmica sazonal dos ecossistemas com base no estudo de seus parâmetros físicos, químicos e biológicos”, e por último “desenvolver índices de qualidade das águas e diatomológicos (sobre um tipo de algas microscópicas) que completem a informação obtida até o momento”.

O estudo deriva da tese doutoral da pesquisadora, cuja finalidade é estabelecer critérios de relação entre as comunidades de microalgas e as características fisicoquímicas e poluentes das águas de determinados pântanos de Ávila. Por sua vez, o trabalho insere-se no projeto de pesquisa Estudo de comunidades de diatomeas bentômicas como indicadores biológicos para o estabelecimento de um estado de qualidade da água dos pântanos do norte da província de Ávila, que está sendo realizado na UCAV desde o começo do ano.

“O trabalho está em sua fase final agora, ainda que continue em desenvolvimento, já que foi dividido em quatro etapas correspondentes às quatro estações que formam um ano hidrológico completo. Até agora foram mostrados os resultados preliminares que correspondem às análises realizadas ao longo da primavera e do verão”, indica.

Neste sentido, após aplicar o índice simplificado de qualidade das águas (ISQA) obtiveram valores “extremamente baixos” que, por outro lado, “são os esperados após a análise de parâmetros como a condutividade elétrica, a demanda química de oxigênio, o fósforo ou a clorofila A, muito elevados na maioria dos casos”. No entanto, a pesquisadora enfatiza que estes dados “não deixam de ser característicos de águas paradas com temperaturas relativamente elevadas, em muitos casos consistentes em finas camadas de água, e com elevadas concentrações de sais, típicas do período estival”.

Do mesmo modo, assegura que “é possível que tenha existido algum tipo de contaminação de origem antrópica nas amostras escolhidas”, ainda que esclareça que esta afirmação “não pode ser feita de modo rotundo até que o estudo não seja completado e tenham sido examinadas todas as variáveis de maneira conjunta”. Ademais, adverte que é preciso ter em conta “que os pântanos estudados estiveram submetidos a fortes pressões ambientais durante muitos meses, como conseqüência do longo período de seca e das escassas precipitações que sofremos na Península, fato que pode alterar as condições naturais destes ecossistemas tão sensíveis e aportar dados extremos sobre as características de suas águas”.

Escolha dos pântanos objetos do estudo

Sobre a escolha destes pântanos como objeto de estudo, Esther Luis Rosado afirma que foram os menos estudados no conjunto de áreas úmidas da bacia do Duero, especificamente ao sul do planalto de Castela e Leão e em uma área de topografia especialmente plana, como o norte da província de Ávila, que alberga várias lagoas e lagos que se repartem, principalmente, entre as comarcas de La Moraña e Tierra de Arévalo. “Se levamos em consideração que a importância destes ecossistemas está não só no aspecto ecológico, mas também no econômico e social, faz-se visivelmente necessário um estudo mais aprofundado”, destaca.

Do mesmo modo, sobre a escolha dos pântanos com relação ao número e localização afirma que respondeu a diferentes critérios de escolha, segundo as necessidades do estudo. “Devido ao fato de que incluir no projeto todos os pântanos da amostra era inviável, tentou-se fazer um grupo mais representativo, que permitisse ao menos uma aproximação da realidade de sua situação”, conclui.

Ecologia Florestal e de Áreas Úmidas

O Grupo de Investigação Ecologia Florestal e de Áreas Úmidas da UCAV se dedica ao estudo de águas, flora e vegetação, sistemas florestais, áreas úmidas e recursos energéticos. Especificamente, suas linhas de pesquisa se focam na análise da contaminação de águas e solos, na caracterização etnobotânica da flora e vegetação, da ecohidrologia de sistemas florestais e áreas úmidas, da restauração florestal e do impacto ambiental e da conservação de recursos genéticos florestais.

Neste sentido, o trabalho sobre os pântanos do norte da província de Ávila é realizado no grupo há três anos, e seus últimos resultados foram apresentados como comunicação escrita no Congresso Nacional do Meio Ambiente (Conama 2012), realizado em Madri, em novembro.