Science Mexico Santa María Tonantzintla, Puebla, México, Thursday, March 21 of 2013, 10:55

O INAOE participa da detecção pioneira da temperatura mínima de uma estrela distinta do sol

A estrela mais brilhante do sistema binário alpha Centauri possui aproximadamente a mesma idade e tamanho do Sol

GR/INAOE/DICYT Pesquisadores da Europa e da América, dentre os quais se inclui Carlos del Burgo, um cientista do Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica e Eletrônica (INAOE), detectaram pela primeira vez o mínimo de temperatura de uma estrela distinta do Sol. Trata-se da alpha Centauri A, companheira da alpha Centauri B, na qual recentemente se encontrou um planeta com um tamanho semelhante ao da Terra. As duas estrelas não podem ser vistas a olho nu, apesar de sua curta distância da Terra (cerca de quatro anos luz), mas constituem o terceiro objeto estelar mais brilhante no céu.

 

A estrela mais brilhante do sistema binário alpha Centauri possui aproximadamente a mesma idade (cerca de 5.000.000 de anos) e tamanho do Sol. O mínimo de temperatura, de aproximadamente 3.700 graus Celsius ou centígrados, é muito parecido nas duas estrelas e constitui uma medida interessante para melhorar os modelos que tentam explicar a atmosfera das estrelas. A medida foi possível graças aos instrumentos infravermelhos a bordo do telescópio espacial Herschel da Agência Européia do Espaço (ESA) e do radiotelescópio APEX, localizado no Llano de Chajnator (Chile).

 

A fotosfera é a superfície visível de uma estrela. No caso do Sol ou da alpha Centauri A, a fotosfera tem uma temperatura de cerca de 5.500 graus Celsius. Sobre esta se dispõem as diferentes camadas da atmosfera (ver figura): a zona de temperatura mínima: a cromosfera, a região de transição: a coroa solar, e a heliosfera. Esta última se estende além da órbita de Plutão, o planeta anão mais conhecido de nosso sistema solar. É possível imaginar que a temperatura destas estrelas diminuiria quanto mais distantes da fotosfera, mas na coroa solar se encontram temperaturas de mais de um milhão de graus centígrados.

 

Assim, deve existir uma região (a cerca de 500Km sobre o nível da fotosfera) na qual a temperatura seja mínima, o suficiente para que existam algumas moléculas como o monóxido de carbono e a água, para logo crescer até estes valores extraordinariamente altos.

 

Conforme Carlos del Burgo (INAOE), co-autor deste trabalho, a razão pela qual a temperatura aumenta tanto nas altas camadas da atmosfera não está clara, de modo que este resultado científico tem um significativo valor agregado. Acredita-se que as ondas Alfvén (um tipo de ondas magnéticas hidrodinâmicas) poderiam transferir a energia necessária para aquecer a coroa solar, muito mais tênue que a fotosfera.

 

A equipe científica publicou este resultado da temperatura mínima no alpha Centauri A na revista Astronomy and Astrophysics Letters e trabalha em um estudo mais completo da amostra de estrelas observadas em seu Programa Chave de Tempo Aberto de Herschel, para o qual obtiveram 140 horas.

 

Referência bibliográfica

 

Artigo publicado na Astronomy and Astrophysics Letters: Liseau R., Montesinos B., Olofsson G., Bryden G., Marshall J., Ardila D., Bayo Aran A., Danchi W., del Burgo C., Eiroa C., Ertel S.,Fridlund M. C. M., Krikov A., Pilbratt G. L., Roberge A., Thébault Ph., Wiegert J., White G. J. 2013, A&A Letters, 549, 7-11, “alpha Centauri A in the far infrared: First measurement of the temperature minimum of a star other than the Sun” (http://cdsads.u-strasbg.fr/abs/2013A%26A...549L...7L).