Salud España , Salamanca, Lunes, 10 de diciembre de 2012 a las 15:31

Nova técnica encontra antígenos para uma futura vacina contra a febre suína

Cientistas de Salamanca aplicam pela primeira vez uma metodologia de análise massiva de proteínas que permite a interação entre o animal e os carrapatos que transmitem a doença

José Pichel Andrés/DICYT Cientistas de Salamanca aplicaram pela primeira vez uma avançada metodologia de análise massiva de proteínas para estudar a interação entre um parasita e seu hospedeiro. Especificamente, especialistas em proteômica do Centro de Investigação do Câncer (CIC) colaboraram com o Instituto de Recursos Naturais e Agrobiologia (IRNASA) para determinar as moléculas presentes na saliva de carrapatos que transmitem a febre suína. Os resultados deste trabalho, publicado no Journal of Proteome Research, permitem determinar proteínas que podem servir como antígenos para desenvolver vacinas que impeçam a picada dos carrapatos.

 

A metodologia utilizada são os arrays de proteínas, chips com os quais trabalha o pesquisador Manuel Fuentes no CIC, centro misto da Universidade de Salamanca e do CSIC ao que se incorporou esta técnica procedente dos Estados Unidos. Atualmente o laboratório deste especialista é o único da Espanha que manuseia estes avançados chips que permitem estudar a interação de umas proteínas com outras, ou com outras moléculas, segundo explicou a DiCYT.

 

Ainda que normalmente esta metodologia enfoque-se na saúde humana, neste caso foi utilizada para encontrar proteínas interessantes na saliva do carrapato da espécie africana Ornithodoros moubata. Quando um carrapato pica o hospedeiro (o porco, no caso) utiliza proteínas presentes em sua saliva que têm propriedades anti-hemostáticas, antiinflamatórias e imunossupressoras, cujo objetivo é anular as respostas defensivas do hospedeiro. Desta forma, o parasita pode se alimentar do sangue dos porcos, mas também lhe transmite o vírus da febre suína e bactérias relacionadas com outras doenças. Encontrar estas proteínas chaves pode servir para utilizá-las como antígenos em uma vacina que ative o sistema imunológico do animal com a picada.

 

A relação entre o patógeno e o hospedeiro envolve muitas proteínas e graças a esta metodologia, que permite estudá-las de forma simultânea, “podemos ter uma visão global de todas as que possam estar envolvidas”, comenta Manuel Fuentes. “A metodologia proteômica que utilizamos permite criar todas as proteínas no momento do teste, partindo diretamente do DNA”, indica, uma grande vantagem diante dos sistemas de análises tradicionais, que precisam de “processos tediosos de purificação, expressão e estabilidade das proteínas”.

 

Os cientistas produzem no chip as proteínas que lhes interessam a partir dos genes que as codificam. Esta técnica “tem a grande vantagem de que é possível ter muitos genes e muitas proteínas em pouco espaço, utilizando pouca quantidade de amostra e com uma relativa alta velocidade de processamento”, indica o cientista, que trabalhou no Harvard Institute of Proteomics antes de importar a metodologia a Salamanca.

 

Através deste trabalho “conseguimos sintetizar 500 proteínas”, declara Raúl Manzano, pesquisador do IRNASA, outro centro localizado em Salamanca que também pertence ao CSIC. Destas proteínas, várias são interessantes e especificamente uma é “muito interessante” como possível antígeno de vacina. A diferença é tão grande que o trabalho desenvolvido com esta técnica poderia haver sido prolongado durante anos com técnicas convencionais, ainda que o mais importante seja a possibilidade de processar toda a informação em conjunto a partir de um extrato tão complexo como a saliva.

 

Aplicação inovadora

 

Este uso dos arrays de proteinas não havia sido descrito nunca até a publicação do trabalho no Journal of Proteome Research. No entanto, é uma ferramenta proteômica de análise massiva que está sendo utilizada em outros trabalhos importantes do CIC, por exemplo, o estudo da leucemia e o Projeto Proteoma Humano.

 

Após demonstrar que a técnica é útil para estudar os mecanismos de atuação de um parasita como os carrapatos, os pesquisadores sabem que também serviria para outros patógenos, de modo que o trabalho abre uma linha de pesquisa completamente nova com  um “enorme potencial para estudar doenças infecciosas”, afirmam os pesquisadores.

 

A partir de agora os cientistas continuarão pesquisando para encontrar uma vacina contra os carrapatos dos porcos que evite a transmissão da febre suína. De momento, a aplicação desta nova técnica de análise massiva de proteínas representa um grande salto para conseguir os antígenos necessários e, em vista do êxito, a colaboração entre os especialistas do IRNASA e do CIC não parará aí.

 

Referência bibliográfica

 

Self-assembled Protein Arrays from an Ornithodoros moubata Salivary Gland Expression Library' DOI: 10.1021/pr300696h