Alimentación España , Salamanca, Martes, 17 de abril de 2012 a las 15:16

IRNASA identifica uma proteína do parasita 'Schistosoma bovis'

A descoberta, publicada na revista ‘Veterinary Parasitology” representa um passo importante na descoberta de uma vacina contra este verme que afeta a produção pecuária

José Pichel Andrés/DICYT Uma equipe de pesquisa do Instituto de Recursos Naturais e Agrobiologia de Salamanca (IRNASA, centro do CSIC) determinou o papel de uma anexina do parasita Schistosoma bovis. Esta proteína pode explicar parcialmente a longa sobrevivência deste parasita hospedado na corrente sangüínea dos ruminantes, já que apresenta atividade fribrinolítica e anticoagulante. Este progresso, publicado recentemente na revista Veterinary Parasitology, representa um passo adiante para conseguir a vacina contra o verme.

 

S. bovis é um parasita do gado bovino e ovino capaz de viver no sangue de seus hospedeiros durante muitos anos sem ser eliminado pelos sistemas de defesa, nem pelo sistema imune ou pelo hemostático”, explica em declarações a DiCYT Eduardo de la Torre, pesquisador do IRNASA e principal autor da publicação. A presença do parasita afeta o tecido dos hospedeiros devido ao fato de que põe ovos, que ficam alojados formando granulomas, principalmente no intestino e no fígado.

 

“É um parasita que produz poucos danos aparentes, porque são infecções crônicas de longa duração que muitas vezes passam desapercebidas, de modo que o diagnóstico não é fácil”, comenta Ana Oleaga, pesquisadora principal do grupo. “O problema é que produz reduções, atrasos no crescimento e torna os animais mais suscetíveis a doenças. Tudo isso se traduz em perdas econômicas nas explorações pecuárias”, agrega.

 

De outro lado, “os dados de nossas pesquisas também são interessantes porque envolvem outras espécies do mesmo gênero que afetam humanos e que são a causa de uma doença tropical com incidência muito elevada”, afirma a pesquisadora, destacando que as doenças humanas tendem a globalizar-se quando aumentam as viagens e os fenômenos migratórios.

 

Há alguns anos o objetivo desta linha de pesquisa do IRNASA é a identificação de moléculas do parasita que intervenham nas relações parasita-hospedeiro, a fim de identificar moléculas de interesse para o desenvolvimento de vacinas ou identificar alvos terapêuticos que permitam o desenvolvimento de novos medicamentos.

 

Neste sentido “identificamos uma molécula na superfície do tegumento do parasita, é uma anexina e apresenta características importantes para o meio no qual vive o verme”, comenta Eduardo de la Torre. O meio em que vive é o sangue e o cientistas descobriram nos testes realizados in vitro que a proteína tem atividade anticoagulante e fibrinolítica, isso é, consegue desfazer coágulos ou evita que se formem, o que comprometeria a sobrevivência do S. bovis.

 

Chaves para a vacina

 

As anexinas são uma família de proteínas conhecidas sobretudo em humanos, com atividades diversas. No entanto, apresentando características diferentes das anexinas de mamíferos, abre-se a possibilidade de desenvolver uma vacina que ataque especificamente o parasita sem danificar animais ou pessoas.

 

A equipe de pesquisa estudou a interação de S. bovis com o sistema vascular e atualmente se foca em sua relação com o endotélio vascular, isso é, a parte interna dos vasos sangüíneos. “A idéia é descobrir quais mecanismos utiliza o parasita para viver ali, saber quais moléculas do parasitam intervém nestes mecanismos a fim de dispor de uma informação vital para sua sobrevivência”, comenta Ana Oleaga.

 

A vacina contra o S. bovis está um pouco mais próxima, já que os cientistas consideram que com a informação atual não falta muito para realizar testes de vacinação com animais de experimentação e, de fato, já estão sendo realizados testes prévios. Até o momento já identificamos cinco moléculas de S. bovis que podem ser úteis para o desenvolvimento da vacina, dentre elas a anexina identificada. Os parasitas têm “mecanismos redundantes de evasão”, afirmam os pesquisadores, de modo que é necessário desenvolver vacinas baseadas no ataque a várias moléculas.