Salud España , Valladolid, Lunes, 20 de enero de 2014 a las 10:41

Benefícios do exercício físico durante os surtos de Esclerose Múltipla serão analisados

Pesquisadores do Serviço de Neurologia do Hospital Clínico Universitário de Valladolid realizarão um estudo sobre este tema

Cristian G. Pedraz/DICYT A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica e neurodegenerativa do sistema imunológico. Atualmente tem uma prevalência de 50 a 70 casos por cada 100.000 habitantes na Espanha, o que situa o país em uma faixa de prevalência média-alta mundialmente. Nos últimos anos os profissionais sanitários observaram um aumento da prevalência principalmente no gênero feminino. Além disso, é preciso considerar que é uma doença que afeta pessoas jovens, já que o diagnóstico costuma ser realizado entre 20 e 50 anos, constituindo a segunda causa mais importante de deficiência entre jovens europeus.

 

Pesquisadores do Serviço de Neurologia do Hospital Clínico Universitário de Valladolid realizarão um estudo para comprovar os benefícios do exercício físico com estimulação vibratória durante os primeiros surtos de Esclerose Múltipla.

 

Conforme explica em palavras coletadas pela DiCYT Patricia Mulero, membro do Serviço de Neurologia do Hospital Clínico Universitário de Valladolid, em até 85% dos casos a doença se desencadeia em forma de surtos, episódios de disfunção neurológica reversível, completamente ou incompletamente, produzidos por um transtorno inflamatório no Sistema Nervoso Central.

 

“Nesta fase inicial ainda existem mecanismos compensatórios e a capacidade de remielinização, o que torna a deficiência reversível”, afirma a especialista, que destaca que em uma fase posterior “se produz um acúmulo progressivo de deficiência, um processo de neurodegeneração na qual os mecanismos iniciais de compensação e remielinização são perdidos”, enquanto a relação existente entre estes dois processos da doença, os surtos e a progressão, “não está totalmente clara”.

 

Os medicamentos disponíveis hoje em dia para tratar a doença permitem controlar os surtos e podem ser menos efetivos no momento de controlar sua progressão. Contudo, “estudos epidemiológicos e prospectivos ressaltam que os surtos são importantes, uma das causas mais significativas da deficiência futura, de modo que queremos enfatizar a importância de controlar e tratar o surto”, assegura Mulero.

 

Tratamento dos surtos

 

O tratamento atualmente realizado destes surtos se baseia em doses altas de corticoides tanto por via intravenosa quanto oral, “a partir da evidencia mostrada nos ensaios clínicos que demonstram que os corticoides reduzem a duração do surto, mas não modificam seu prognóstico, isso é, a deficiência final do surto”.

 

Com relação ao exercício físico, “existem poucos estudos a respeito e com importantes limitações metodológicas, mas parecem indicar que o exercício físico durante o surto, como terapia adjuvante aos corticoides, pode melhorar a deficiência final causada pelo surto”. Há alguns anos o exercício físico era desaconselhado às personas com Esclerose Múltipla porque se acreditava que os sintomas pioravam, mas cada vez “são mais evidentes os benefícios que pode gerar e atualmente existem guias e recomendações para estes pacientes”, relata a especialista.

 

Dentre outros mecanismos pelos quais o exercício físico pode favorecer o estado dos pacientes com doenças autoimunes e, especificamente, com Esclerose Múltipla, observou-se que aumenta a secreção de fatores neurotróficos, proteínas que favorecem a sobrevivência dos neurônios e que se relacionam com o prognóstico final do surto.

 

Desenho da pesquisa

 

Com estas evidencias os pesquisadores do Serviço de Neurologia do Hospital Clínico Universitário de Valladolid concebem como hipótese que o exercício físico como terapia adjuvante ao tratamento padrão com esteróides produzirá uma recuperação mais rápida e mais completa do surto em comparação com a terapia padrão. Os pesquisadores também acreditam que o exercício físico originará um descenso nas proteínas inibidoras da mielina e favorecerá um aumento na expressão de genes relacionados com os fatores neurotróficos.

 

Para contrastar ou refutar estas hipóteses, reclutarão 110 pacientes da Unidade de Esclerose Múltipla, todos em fase remitente-recorrente e em surto, e estabelecerão dois grupos terapêuticos. A 55 deles será administrado o tratamento padrão e aos outros 55, aplicada a terapia padrão, além de oito semanas de exercício físico sobre plataforma vibratória. Para avaliar as mudanças que o exercício físico pode produzir nestes pacientes serão realizados diversos estudos no inicio do processo, aos 30 e aos 60 dias. Especificamente, serão realizados estudos clínicos, radiológicos, biológicos, biomecânicos e um estudo oftalmológico nestes pacientes.

 

O trabalho foi apresentado durante as segundas Jornadas sobre Pesquisa Médica Translacional organizada pela Unidade de Apoio à Pesquisa do Hospital Clínico Universitário de Valladolid.