Salud España , León, Martes, 20 de mayo de 2014 a las 11:12

Bactérias presentes no tubo digestivo são capazes de metabolizar o glúten

Cientistas de León aprofundam esta linha de pesquisa, que poderia oferecer novos tratamentos para a doença celíaca

Cristina G. Pedraz/DICYT Pesquisadores do Instituto de Biologia Molecular, Genômica e Proteônica (Inbiomic), da Área de Microbiologia e do Instituto de Biomedicina (Ibiomed) da Universidade de León; em colaboração com o Departamento de Imunologia do Hospital de León e com o Instituto de Biotecnologia (Inbiotec), analisam o papel das bactérias presentes no tubo digestivo no metabolismo do glúten, o que poderia abrir a porta para o desenvolvimento de novos tratamentos para a doença celíaca.

 

Segundo explica à DiCYT Javier Casqueiro, pesquisador do Inbiomic e da Área de Microbiologia da Universidade de León, a equipe tem pesquisado esta linha por mais de cinco anos. “Pensamos que alguma bactéria do tubo digestivo poderia ter participação na origem da doença celíaca e vimos que, na literatura, o conhecimento era escasso no que diz respeito ao metabolismo do glúten “in vivo” no tubo digestivo humano”. Sendo assim, começou-se a pesquisar quais bactérias participam do metabolismo do glúten e se alguma dessas bactérias estava relacionada com o desenvolvimento da doença celíaca.

 

Em um de seus últimos trabalhos, publicado na revista FEMS Microbiology Ecology, uma coleção específica de cepas microbianas que poderiam participar do metabolismo do glúten nos humanos foi isolada do tubo digestivo humano pela primeira vez. “É uma coleção de cepas muito grande que nos deu muito trabalho e que, praticamente, foi o centro da tese de doutorado de um de nossos pesquisadores, Alberto Caminero, que agora mesmo se encontra no Canadá trabalhando nesta linha”, recorda Casqueiro.


Concretamente, foram isoladas e caracterizadas 144 cepas pertencentes a 35 espécies bacterianas a partir de amostras fecais de 22 indivíduos. A maioria das cepas foi classificada dentro dos gêneros Lactobacillus, Streptococcus, Staphylococcus, Clostridium e Bifidobacterium.

 

Por ser um trabalho inovador, “não existia um sistema específico de cultivo para microrganismos implicados no metabolismo do glúten, sendo assim, tivemos que desenvolver meios de cultivo e técnicas específicas”, aponta o pesquisador. Depois de cultivar e purificar estas bactérias, foi analisada uma série de características, como, por exemplo, se estes microrganismos podem utilizar o glúten para crescer ou não. Os pesquisadores determinaram que 94 cepas eram capazes de metabolizar o glúten, utilizando suas proteínas e peptídeos como nutrientes.

 

Por outro lado, 61 cepas mostraram uma atividade extracelular contra as proteínas do glúten e várias cepas revelaram uma atividade para o peptídeo 33-mero, um peptídeo imunogênico nos pacientes com doença celíaca. “Há alguns microrganismos capazes de digerir e de “destruir” alguns dos fragmentos do glúten que são tóxicos para os portadores da doença celíaca”, diz o pesquisador, o que poderia oferecer “novas formas de tratamento promissoras para a doença celíaca”.

 

Implicações

 

Javier Casqueiro analisa as implicações deste trabalho. “Temos aprofundado o conhecimento do metabolismo do glúten. Agora sabemos que há microrganismos no tubo digestivo que podem consumir o glúten”. O pesquisador assinala que quando o glúten é consumido, uma parte é excretada pelas fezes, outra é absorvida pelo indivíduo e outra é digerida pelos microrganismos. Além disso, “há indivíduos que são tão eficientes digerindo o glúten que não excretam praticamente nada pelas fezes, por isso pensamos que as bactérias do tubo digestivo dessas pessoas são capazes de eliminar o glúten”.

 

Ainda que nos pacientes celíacos a digestão do glúten seja parecida com a dos indivíduos sãos, há fragmentos que lhes são tóxicos. “Se pudéssemos eliminar completamente o glúten do tubo digestivo, seria uma forma de tratamento para os doentes celíacos. Por isso, buscamos microrganismos que possamos administrar que tenham atividade anti-inflamatória e que sejam capazes de eliminar esses fragmentos que lhes causam dano”.

 

Referência bibliográfica 

 

Caminero, A., Herrán, A. R., Nistal, E., Pérez‐Andrés, J., Vaquero, L., Vivas, S., ... y Casqueiro, J. (2014). “Diversity of the cultivable human gut microbiome involved in gluten metabolism: isolation of microorganisms with potential interest for coeliac disease”. FEMS microbiology ecology. 88 (2), 309-319. DOI: 10.1111/1574-6941.12295