Salud España , Salamanca, Lunes, 25 de febrero de 2013 a las 14:03

As células-tronco da pele estão regidas por um relógio biológico

Salvador Aznar, pesquisador do Centro de Regulação Genômica (CRG) de Barcelona, explicou os avanços de seu laboratório no Centro de Investigação do Câncer de Salamanca

JPA/DICYT As células-tronco da pele diferenciam entre a noite e o dia no momento de realizar algumas de suas funções. Se algo falha neste relógio biológico, estas células regeneradoras não realizam seu papel e é mais provável que o envelhecimento se acelere e que possa se desenvolver um câncer de pele. Esta descoberta deriva do trabalho da equipe de Salvador Aznar Benitah, pesquisador do Centro de Regulação Genômica (CRG) de Barcelona que no dia 21 de fevereiro explicou esta linha de pesquisa no Centro de Investigação do Câncer (CIC) de Salamanca, com o qual colabora em alguns projetos.

 

Segundo explicou à DiCYT, a linha de pesquisa de seu laboratório foca-se em entender como se regeneram os tecidos, como se reparam, porque deixa de funcionar bem essa regeneração conforme uma pessoa envelhece e porque se desenvolvem os tumores.

 

A chave está nas células-tronco adultas (em inglês, stem cells), que têm a capacidade de dividir-se e diferenciar-se em tipos de células especializadas. “Encarregam-se de saber quando um tecido precisa ser reparado com novas células”, explica Salvador Aznar, que foca seu trabalho em saber como funcionam em condições normais, o motivo pelo qual deixam de funcionar bem durante o envelhecimento e porque as vezes acumulam mutações e desenvolvem um tumor.

 

Os cientistas ainda não sabem se as células stem originam o tumor ou se as células diferenciadas são as que acumulam mutações que as fazem comportar-se como células-tronco. Em todos os casos, as células-tronco parecem essenciais para o tumor por duas razões.

 

A primeira é que são células mais longevas. “As demais se perdem e, assim, é necessário ter células stem que proporcionem novas células ao tecido para regenerar-se”, indica. Isso significa que essa célula-tronco é a que mais tempo permanece e por esse motivo pode acumular mais mutações. “Há células orais e da pele que não duram mais que seis ou sete dias, de modo que não têm tempo para acumular mutações, mas minhas células stem têm a mesma idade que eu, sempre estiveram aqui”, comenta o especialista.

 

A segunda razão é que muitas características das células tumorais são compartilhadas com as células stem. “No fundo, um célula tumoral é como uma célula-tronco que se tornou anárquica, não se rege pelas normas, assim é que existem metástases e uma célula da pele pode acabar no pulmão”, indica.

 

Pesquisando neste campo, a equipe de Salvador Aznar descobriu recentemente que as células-tronco da pele diferenciam entre o dia e a noite ao realizar suas funções, uma descoberta que tem muitas implicações e foi publicada na prestigiada revista científica Nature. “Descobrimos que parte da função da células stem é regida por um relógio interno. Todos somos animais diurnos e noturnos, e isto é importante para o tecido. Para uma célula da pele não é a mesma coisa se são 11 da manhã ou 11 da noite. De manhã está exposta aos raios ultravioletas, principal fator desencadeante do o câncer de pele. A célula stem precisa saber quando estará exposta aos raios ultravioletas e, por isso, possui um relógio interno que lhe dirá quando deve realizar cada função”, agrega.

 

Raios ultravioletas

 

O que aconteceria se eliminássemos esse relógio das células-tronco? A célula não saberia quando é o momento adequado e isto leva a um envelhecimento muito prematuro do tecido, ademais, dividir-se-ia quando não deve, e isto se relaciona com o câncer. “Dividindo-se quando está exposta aos raios ultravioletas, acaba por perpetuar as mutações adquiridas por estar exposta a este fator, já que referidas mudanças são transmitidas as suas duas células-filhas”, afirma o pesquisador.

 

Estes “resultados inesperados” abriram um ramo de pesquisa muito importante, não somente no laboratório de Salvador Aznar, mas em outros que se interessaram por seu trabalho. Um dos colaboradores habituais é o cientista do CIC Xosé Bustelo, com o qual desenvolve trabalhos comuns sobre o câncer de pele.