Alimentación España , León, Martes, 28 de septiembre de 2010 a las 14:13

Analisa-se a pré-imigração de milhares de francelhos ('Falco naumanni') a terras não cultivadas de León e Palencia no verão

Nas comarcas agrícolas localizadas entre estas províncias estes encontram grilos para alimentar-se antes de viajar às savanas africanas

Antonio Martín/DICYT Pesquisadores da Universidade de León e da IE Universidade de Segovia analisam o comportamento dos francelhos, uma ave migratória em situação vulnerável, nas províncias de León e Palencia. Os biólogos comprovaram que na zona limítrofe destas províncias com Valladolid, durante os meses mais quentes, milhares de exemplares deste falconídeo vêm do sul da península às terras não cultivadas destas comarcas agrícolas, onde se encontram diversas espécies de grilos para sua alimentação. Esta pré-imigração somente havia sido descrita anteriormente no vale do Ebro, com outras populações da espécie.

 

Os cientistas querem saber “o que ocorre com esta quantidade de francelhos quando sobem no verão para alimentar-se de diferentes espécies de grilos nas terras não cultivadas de León e Palencia”, explica a DiCYT Francisco Purroy, catedrático de Zoologia da Universidade de León e um dos coordenadores da pesquisa, cujo principal autor é Ángel de Frutos. Conforme indica o especialista, os francelhos (Falco naumanni) encontram nestes insetos “gordura para poder empreender posteriormente sua viagem migratória até a Nigéria ou Mali, cruzando o deserto do Saara”. Os francelhos estabelecem suas zonas de criação em diversos lugares da Europa, como a Península Ibérica e, no outono, descem às savanas africanas para passar ali o inverno e reproduzirem-se. Regressam ao norte na primavera.

 

As terras não cultivadas destas zonas agrícolas, próximas à Matallana de Valmadrigal, Valderas, rio Cea e aos limites provinciais de León, Valladolid e Palencia, proporcionam este recurso energético às aves, razão pela qual pré-migram durante os meses de julho e agosto, em plena estiagem, do sul de Castilla-La Mancha e Andaluzia. “Estes terrenos estão menos esgotados do que aqueles de onde procedem”, afirma Purroy. Os francelhos, que vivem em pequenas colônias em suas zonas de criação, configuram nesta zona de pré-imigração grupos de “milhares” de indivíduos distribuídos e controlam milhares de hectares. Este comportamento somente era conhecido previamente em zonas do vale do Ebro, em Navarra, e em zonas irrigadas da província de Zaragoza, com outras populações de francelhos.

 

Colonizando a fiação elétrica

 

A pesquisa dos biólogos da ULE e da IE Universidade comprovou que os francelhos se estabelecem “em montes de azinheira e choupal, próximos a fiações elétricas, a partir de onde recolonizam o território e se movem para encontrar alimento”. Os falconídeos podem percorrer uma área de até 30 quilômetros quadrados para encontrar grilos nestas pradarias.” Ademais, recusam as zonas de irrigação e matos próximos como habitat. O estudo destas populações durou cinco anos. O comportamento das aves foi analisado através de emissores em alguns indivíduos.

 

Em um trabalho recentemente publicado em European Journal of Wildlife Research, os autores afirmam a importância do papel das terras não cultivadas para estas zonas de alimentos dos francelhos. A Política Agrária Comum (PAC) estabeleceu aos agricultores a obrigação de reservar uma porcentagem dos terrenos sem cultivo. No entanto, os 27 decidiram suprimir esta obrigatoriedade em 2008. Esta decisão política pode afetar a estas despensas do francelho, suprimindo mais de um terço das atuais. “A abolição da retirada de terras obrigatória poderia reduzir a superfície total de terra sem cultivo (aproximadamente 40,9%), o que provavelmente influirá no uso do habitat por parte do francelho através do aumento de outros cultivos não buscados por esta espécie”, indicam os autores no artigo científico. Por este motivo, os especialista solicitam “esquemas agro-ambientais” que permitam “a permanência de sistemas agrícolas de baixa intensidade com um mosaico de cultivos e habitats semi-naturais” para manter estas zonas de estadia do francelho antes de migrarem à África.