Salud España , Salamanca, Jueves, 30 de mayo de 2013 a las 12:40

Alterações genéticas de um tumor são mais relevantes que sua localização

Centro de Investigação do Câncer de Salamanca recebe um simpósio sobre terapias personalizadas que pretende aproximar a pesquisa básica a prática clínica

JPA/DICYT O Centro de Investigação do Câncer (CIC) de Salamanca recebe nos dias 23 e 24 de maio o V Simpósio “Bases Biológicas do Câncer e Terapias Personalizadas”, um encontro anual que pretende difundir novos conhecimentos entre os profissionais, unindo a experiência dos cientistas que realizam pesquisa básica e dos oncologistas que tratam os pacientes. Os especialistas asseguram que nos últimos tempos impõe-se uma nova abordagem do câncer: já não importa tanto a que órgãos ou tecidos afeta o tumor, mas quais alterações genéticas concretas apresenta, já que para cada caso o tratamento pode ser diferente.

 

César Rodríguez, pesquisador do Serviço de Oncologia Médica do Complexo Assistencial Universitário de Salamanca e coordenador do simpósio, explicou que a mudança consiste em deixar de tratar os tumores em função de onde se originam e começar a tratá-los “em função das alterações que geram”.

 

Por exemplo, alguns casos de câncer de mama e de estômago possuem a mesma mutação de um gene concreto, de modo que a terapia poderia ser semelhante nos dois casos. Definitivamente, “é mais importante como são por dentro do que onde estão localizados”, afirma o oncologista em declarações aos meios de comunicação levantadas pelo DiCYT.

 

A chave está em encontrar alterações genéticas específicas nos tumores para tratar cada caso com medicamentos diferentes. Assim, os especialistas já não falam de câncer de mama, mas de “cânceres de mama”, no sentido de que existem muitas diferenças moleculares entre cada caso e o mesmo acontece com outros de difícil manejo, como o de pulmão.

 

Nesta linha, os especialistas consideram que o no futuro será possível fazer um mapa de alterações genéticas de cada paciente e não terá importância onde se localiza o tumor, de modo que uma mesma substância pode servir para o tratamento de diferentes tumores que no fundo foram desenvolvidos devido a uma mutação genética.

 

Avanços tecnológicos

 

A incorporação massiva das análises genéticas à prática clínica para ver as alterações moleculares de cada paciente estão sendo decisiva no desenvolvimento das terapias personalizadas. Todos os anos são produzidos novos avanços tecnológicos que baixam o custo destas análises, de modo que sequenciar todo o exoma, além do genoma produzido pelas proteínas, reduz muito seu preço, custando atualmente cerca e 3.000 euros e, provavelmente, no futuro não mais de 1.000.

 

César Rodríguez explicou que muitos tratamentos orientados a alvos específicos utilizados atualmente começaram a estar disponíveis somente há quatro ou cinco anos, mas representaram um grande avanço para tumores que em alguns casos quase não tinham tratamento. Por exemplo,a descoberta de uma mutação concreta que apresentam alguns melanomas permitiu seu tratamento com um medicamento específico e algo semelhante aconteceu no caso dos tumores de próstata e de rim, para os quais quase não existiam remédios efetivos.

 

Esta nova forma de abordar o problema, baseada nas características genética de cada tumor, faz com que os tratamentos sejam “mais eficazes e menos tóxicos, e que precisem de menos quimioterapia”. Definitivamente, permitem obter uma melhor qualidade de vida ao mesmo tempo em que aumentam a sobrevivência.

 

Pesquisa translacional

 

O propósito deste simpósio, que reúne os melhores especialistas nacionais no câncer, é unir os profissionais da pesquisa básica e da pesquisa clínica, ou seja, fazer a conexão entre o laboratório e os profissionais que atendem os pacientes, uma área denominada pesquisa translacional e que ainda está pouco explorada.

 

Atanasio Pandiella, subdiretor do CIC, explicou que este evento se insere na filosofia do CIC, um centro que realiza “pesquisa de ponta internacionalmente”, mas que precisa aproximar-se dos problemas clínicos e das dificuldades que o oncologista encontra no dia a dia. “Atrair os pesquisadores clínicos de ponte nutre nossa atividade de pesquisa, porque nos dizem qual é o estado atual dos tratamentos e os problemas que possuem”, afirma.

 

Crise econômica

 

No entanto, o desenvolvimento das terapias personalizadas está sendo afetado pela falta de financiamento sofrida por toda a pesquisa científica e, particularmente, a biomedicina. Atanasio Pandiella afirma que o programa afeta principalmente os países mais atingidos pela crise econômica, como Espanha, Itália ou Portugal, e de modo geral todos os países ocidentais, porque inclusive os Estados Unidos reduziram os fundos. Por outro lado, citou países como Brasil, Argentina, Chile, Coréia do Sul, Singapura e, sobretudo, China, como exemplos de que no conjunto do planeta novos potências apostam na pesquisa. As conseqüências de não fazê-lo é o atraso na geração de novos conhecimentos e produtos.