Universidade Pontifícia de Salamanca estuda a evolução do podcast na Espanha e América Latina
José Pichel Andrés/DICYT Um projeto da Universidade Pontifícia de Salamanca (UPSA) está a analisar a evolução dos podcasts, arquivos digitais de áudio de diversos temas que os usuários podem encontrar e partilhar na internet. Um estudo realizado na UPSA observou as mudanças que aconteceram entre 2008 e 2011 na Espanha e América Latina; a continuidade da investigação tem como objetivo continuar a pesquisar mais profundamente as caraterísticas deste formato de comunicação e consumo.
“Queremos saber qual a evolução do conhecimento do podcast, como são os usuários e o seu comportamento atual”, indica a DiCYT María Blanco, técnico da UPSA e responsável pelo projeto, quem fez a sua tese de doutoramento com os resultados da pesquisa anterior sob a direção de Alfonso José López Rivero e Emma Rodero.
“Quando apareceram os podcasts parecia que poderiam tornar-se o novo grande formato de comunicação, junto com os blogues, mas estes cresceram e os podcasts não”, comenta. “Acreditamos que entre 2011 e 2015 o consumo geral não aumentou, mas temos a hipótese de que o usuário é mais fiel e dedica-lhe mais tempo; também cremos que quem elaboram os arquivos, fazem-no mais profissionalmente”, acrescenta.
Por meio de 14000 inquéritos em 2008 e 24000 em 2011, respondidos por e-mail na Espanha e América Latina, a pesquisa anterior desvendou dados interessantes. Por exemplo, a primeira amostra indica que os podcasts mais ouvidos eram os de tecnologia, notícias e jogos, mas apenas três anos depois as preferências tinham mudado e os temas preferidos eram entretenimento, ciência, desportos e, novamente, jogos.
O perfil do consumidor de podcasts é o de um homem entre 19 e 20 anos, com ensino básico e médio e que costuma fazer as suas compras online. Os usuários ouvem os arquivos principalmente no seu computador, tanto descarregados como em streaming, embora foi observado um aumento do consumo através de dispositivos móveis, com um tempo médio de pouco menos de duas horas diárias de escuta.
“A maioria afirma que os ouve principalmente como entretenimento porque acha que proporcionam um acesso à informação mais rápido e simples do que outros meios de comunicação”, diz María Blanco.
Fidelização
Entre as duas fases da investigação já foi observada uma tendência: diminuiu o conhecimento, a escuta geral e as subscrições de podcasts, mas o consumo diário das pessoas interessadas aumentou. “Gostaríamos de saber por que é que há tanto desconhecimento neste formato, quase ninguém sabe o que é um podcast; embora quando há alguém que o conhece, sabe muito do assunto e consome vários”, explica a especialista. Quase todos os usuários de podcasts subscrevem vários, pelo que como produto parece ter um enorme poder de fidelização.
Entre a Espanha e a América Latina não há grandes diferenças, ainda que do outro lado do Atlântico consomem-se um pouco mais e grande parte dos que há estão relacionados com a educação. De facto, na América há também algumas investigações sobre o podcast num contexto educacional.
No entanto, em consonância com a ampla ignorância geral sobre podcasts, não há estudos como este no âmbito hispanofalante. Em contrapartida, nos Estados Unidos o fenómeno está muito mais investigado e o perfil de consumo é semelhante ao ibero-americano, mas os ouvintes são mais velhos.
Na nova fase da investigação, que começou há seis meses e poderia oferecer resultados para o próximo mês de junho, pretende-se que a amostra seja também bem extensa para continuar a analisar a evolução do formato. No entanto, este projeto visa recolher simultaneamente outras informações: “queremos analisar o conteúdo e estrutura dos podcasts mais ouvidos, aprofundar a duração, os temas e as pessoas envolvidas”, expõe María Blanco.