Salud España , Valladolid, Lunes, 05 de noviembre de 2012 a las 13:05

Tratamento baseado em células-tronco permitirá paliar doenças da córnea

IOBA e outros dois grupos de pesquisa vinculados ao Ciber-BNN firmaram um acordo com a farmacêutica Ferrer para desenvolver o medicamento

Cristina G. Pedraz/DICYT O Instituto de Oftalmobiologia Aplicada (IOBA) de Valladolid, e outros dois grupos de pesquisa associados ao Ciber-BBN (Centro de Investigação Biomédica em Rede - Bioengenharia, Biomateriais e Nanomedicina) firmaram hoje um acordo com a companhia farmacêutica Ferrer Internacional para o desenvolvimento de um novo tratamento para paliar doenças visuais com origem na córnea, a segunda causa de cegueira no mundo. O convênio, assinado no Palácio Santa Cruz da Universidade de Valladolid, envolve um projeto de quatro anos de duração no qual será verificada na prática clínica as potencialidades da nova terapia, que já deu seus primeiros frutos nos testes preliminares realizados no IOBA com 50 pacientes.

 

Como explicou em declarações a DiCYT o diretor do IOBA, José Carlos Pastor, o tratamento consiste “em retirar células-tronco da medula óssea para que cresçam em uma estrutura tridimensional reproduzida pela córnea, elaborada com um biomaterial, e que é transplantada ao paciente”. Isto melhora, nos resultados preliminares obtidos até o momento, o tratamento comum da opacidade da córnea, uma doença tratada com o transplante da córnea. Esta intervenção consiste na extração da córnea doente e sua substituição pela de um doador, ainda que por não conter células-tronco o transplante tenha uma alta porcentagem de fracasso.

 

Através desta nova terapia baseada em células-tronco, o IOBA obteve um sucesso global maior de 70% depois de um ano da realização do primeiro teste; e está aguardando os resultados de um segundo trabalho clínico autorizado pela Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários. Com o acordo assinado, serão dados os passos necessários para que o tratamento chegue ao mercado no menor tempo possível, ainda que a média seja de 11 anos a partir da concepção da idéia.

 

Dentro do projeto “foram desenvolvidas patentes relacionadas com a estrutura tridimensional da córnea, os biomateriais ou o crescimento da célula-tronco”, afirma o diretor do IOBA, que destaca a importância do tratamento já que a opacidade da córnea gera cegueira, o que afeta cerca de 10 milhões de pacientes em todo o mundo. “A opacidade da córnea é causada muitas vezes por lesões, doenças gerais, queimaduras químicas ou pelo uso de determinados medicamentos”, agrega.

 

Terapia celular

 

Por sua parte, Andrés Fernández García, representante de Ferrer Internacional, enfatizou que nos últimos 50 anos a indústria farmacêutica internacional desenvolveu medicamentos com base em uma única plataforma, “a das pequenas moléculas, que serviram para melhorar a qualidade de vida de modo significativo”. No entanto, nos últimos tempos está sendo aberta “uma janela” a novas plataforma que permitem “resolver problemas que até agora não tinham solução”. Entre estas novas plataformas se encontram as células-tronco, foco do projeto subscrito. “A terapia celular abre uma janela clara para solucionar doenças marginadas durante décadas pelas terapias com moléculas”, conclui.

 

Por outro lado, o diretor científico do Ciber-BBN, Pablo Laguna, enfatizou que acordos como este são os “ambicionados” pelo centro desde seu nascimento, que engloba a 47 grupos científicos de todo país. “A pesquisa em biologia é claramente multidisciplinar e é necessário considerar muitos aspectos para que dê bons frutos”, afirma, destacando a participação de três grupos de pesquisa do Ciber-BBN neste projeto, o Grupo de Superfície Ocular do IOBA, dirigido pela catedrática da Universidade de Valladolid Margarita Calonge: o Grupo de Investigação em Biomateriais, Biomecância e Engenharia de Tecidos do IBEC (Instituto de Bioengenharia da Catalunha), de Josep Planell; e o Grupo de Micro e Nanotecnologias, Biomateriais e Células (Nanobiocel), da Universidade do País Vasco liderado por José Luis Pedraz.

 

Na mesma linha, o reitor da Universidade de Valladolid, Marcos Sacristán, destacou que o acordo firmado enfatiza “a contribuição da Universidade à evolução da sociedade, neste caso algo que incide diretamente na melhoria da saúde humana”. Finalmente, ressaltou que as contribuições que a pesquisa pode fazer à sociedade “excluem a atuação individual, é necessário colaborar e formar equipes com massa crítica importante para gerar a colaboração entre a pesquisa básica e aplicada entre universidades e empresas”.