Salud Chile Campinas, Chile, Jueves, 18 de septiembre de 2014 a las 09:01

Trabalhadoras chilenas estão mais sujeitas a depressão que homens

Os motivos apontados por pesquisadores são exposição de risco psicossocial laboral e sintomas depressivos suscetíveis às mulheres

Gabrielle Adabo/ComCiência/Labjor/DICYT Um estudo, realizado no Chile, analisou a ocorrência de sintomas de depressão nos trabalhadores e concluiu que a incidência é maior em mulheres. A pesquisa mediu a exposição a elementos de risco no trabalho que podem desencadear doenças psíquicas. Os resultados apontaram que a exposição ao chamado risco psicossocial laboral e a prevalência de sintomatologia depressiva ocorrem de forma mais acentuada nas trabalhadoras: o percentual para elas foi de 15,3% enquanto que nos homens de apenas 5,5%.

 

“As mulheres apresentam uma maior exposição a risco psicossocial e se observam importantes associações dessa exposição com sintomas depressivos”, concluem os pesquisadores Elisa Ansoleaga, Michel Vézina e Rosa Montaño em artigo publicado na edição número 30 do periódico Cadernos de Saúde Pública. Segundo eles, as condições de trabalho e os modos de organização deste no país expõem a população chilena a tais riscos que podem gerar resultados adversos para a saúde física e mental.

 

O estudo reuniu amostra aleatória de 3010 trabalhadores de todo o país, de 20 a 65 anos, dos quais 35% eram mulheres e 65% homens. Foram considerados no estudo apenas os trabalhadores assalariados formais e descartadas, portanto, atividades como o trabalho doméstico não remunerado. Para avaliar a ocorrência de sintomas depressivos ligados a fatores de risco psicossocial no trabalho segundo o sexo no Chile os pesquisadores utilizaram dois modelos, o de Karasek, que considera a demanda psicológica, a capacidade de decisão e o suporte no trabalho; e o de Siegrist, que mede o esforço e as recompensas, além de utilizar técnicas de estatística.

 

"A grande vantagem destes modelos, desde uma perspectiva de saúde pública, está em que se trata de modelos simples, mas não por isso triviais, que permitem evidenciar situações de risco para a saúde da população trabalhadora”, justificam no texto. Os resultados da aplicação dos modelos mostraram que as mulheres trabalhadoras expostas às dimensões psicossociais do modelo de Karasek apresentam maior chance de desenvolver sintomas depressivos do que as não expostas, assim como, com base no modelo de Siegrist, as mulheres expostas a baixas recompensas no trabalho e ao desequilíbrio esforços e recompensas.

 

A sintomatologia depressiva foi estimada pelo relato simultâneo de dois sintomas descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais: 1) se durante os últimos 12 meses a pessoa se sentiu triste ou deprimida por duas semanas ou mais e; 2) se chegou a sentir a perda de interesse pela maioria das coisas que gostava de fazer, como trabalho, passatempo ou qualquer outra atividade, por duas semanas ou mais.

 

O estudo considerou a importância de se analisar os transtornos mentais, por serem eles os responsáveis por causar enfermidades e comprometer os anos de vida saudável. Um dos pressupostos do estudo é de que a depressão é a causa mais importante de incapacidade em mulheres. “A literatura mostra consistentemente maior prevalência de transtornos depressivos em mulheres e que as mudanças nos tradicionais papéis de gênero, ocorridas nos últimos cinquenta anos, não foram capazes de reduzir as diferenças de gênero no risco de vida da maioria dos transtornos mentais”, relatam os pesquisadores no artigo.

 

Os pesquisadores consideraram, também, a necessidade de incluir a perspectiva de gênero nos estudos de saúde ocupacional. “Evidências mostraram importantes diferenças e inequidades de gênero na saúde e no mercado de trabalho”, analisam. A desigualdade se manifesta desde as ocupações que assumem nos setores da economia - a maioria das mulheres atua no setor de serviços e os homens trabalham, principalmente, no setor manufatureiro e na construção - o que o torna a exposição aos fatores de risco diferente para os gêneros. No entanto, até homens e mulheres que trabalham no mesmo setor e na mesma função enfrentam riscos e condições diversas, como a desigualdade nos salários e de tratamento dos superiores. Os homens ainda costumam ocupar posições hierárquicas mais altas que as mulheres no país. A estas cabe, também, a responsabilidade por trabalhos de cuidado da casa e da família, além do trabalho assalariado.