Health Spain , Salamanca, Monday, February 20 of 2012, 16:38

Salamanca e Córdoba colaboram no estudo de importantes proteínas para o desenvolvimento de tumores

Cientistas iniciam projetos de pesquisa conjuntos para estudar as quinasas que atuam como “interruptores” que regulam processos essenciais nas células

José Pichel Andrés/DICYT Cientistas do Centro de Investigação do Câncer (CIC) de Salamanca e da Universidade de Córdoba colaboram no estudo de proteínas denominadas quinasas, que atuam como “interruptores” em alguns processos dentro das células e que, portanto, influenciam em sua reprodução ou morte. Por essa razão, o papel das quinasas é decisivo no câncer. Por exemplo, permitindo-se que as células alteradas se reproduzam ao invés de interromper este processo, a expansão dos tumores é favorecida. Do contrário, se em uma célula danificada interrompem o sinal que induz à apoptose ou morte celular, também se favorece o tumor. Desse modo, esta linha de pesquisa é fundamental para entender como funcionam estes mecanismos e poder desenvolver medicamentos a partir das novas descobertas.

 

Marco Calzado, pesquisador da Universidade de Córdoba e membro do Instituto Maimónides de Investigação Biomédica de Córdoba (Imibic), visitou no dia 16 de fevereiro a Salamanca para reforçar sua relação com os cientistas do CIC, já que as duas partes se dedicam a estudar as modificações das quinasas, que são “proteínas importantes nas comunicações das células”, de acordo com suas próprias palavras. “Para que todo mundo possa entender, as quinasas são como pequenos interruptores encarregados de transmitir todos os sinais existentes em uma célula e que avisam se é necessário dividir-se ou morrer em razão de algum dano”, comenta em declarações a DiCYT.

 

“Tentamos estudar como funcionam estes interruptores e como são alteram para que o sinal continue ou, do contrário, pare, produzindo um efeito na célula”, insiste, como pode ser o caso de deter sua divisão ou provocar sua morte. O grupo de Marco Calzado mantém uma estreita relação com os grupos liderados por Faustino Mollinedo e Pedro Lao no CIC, que pesquisam alguns mecanismos de morte celular e mecanismos de sinalização interna das células.

 

O objetivo dos pesquisadores de Salamanca e de Córdoba é plasmar a colaboração em projetos de pesquisa concretos, já que seu trabalho é complementar. Por exemplo, “no caso de Pedro Lazo, descobrimos um nexo comum entre as quinasas com as quais trabalhamos e as quinasas com as quais eles trabalham, e queremos investigar este ponto”, afirma. Ainda que as proteínas estudadas tenham distintas funções, “os sinais que regulam chegam ao mesmo lugar, de modo que queremos relacionar suas proteínas com nossos modelos”, indica o pesquisador da Universidade de Córdoba.

 

Concretamente, Marco Calzado trabalha em “uma quinasa muito importante no desenvolvimento de tumores”, tanto com modelos “in vitro”, quanto com modelos animais. “Identificamos mecanismos moleculares através dos quais somos capazes de regular estas quinasas, de modo que podemos ligar ou desligar o interruptor”, afirma. Estas quinasas estariam regulando a proteína p53, chamada supressora de tumores ou guardiã do genoma, porque é importante para incluir a apoptose quando a célula está danificada.

 

De mecanismos básicos a medicamentos

 

O que acontece neste tipo de quinasas é que “na parte central do tumor seriam como interruptores desligados e isto favorece o desenvolvimento do tumor”. O conhecimento destes mecanismos pode permitir desenvolver no futuro algum tipo de medicamento que faça com que estes interruptores não desliguem e que, portanto, as células alteradas em um tumor morram e não continuem se reproduzindo massivamente. A equipe da Universidade de Córdoba identificou os mecanismos básicos pelos quais isto ocorre, o primeiro passo para realizar a pesquisa clínica ou desenvolver medicamentos.

 

Neste sentido, Marco Calzado reivindicou o papel da pesquisa básica. “O desenvolvimento de medicamentos está orientado contra estes interruptores que pesquisamos. Se não sabemos como funcionam, não poderemos atirar uma flecha contra um alvo específico. São conhecimentos primordiais para criar a base a partir da qual outros grupos e empresas farmacêuticas podem desenvolver medicamentos”, afirma.