Nutrition Spain , León, Thursday, March 14 of 2013, 10:35

Projeto pretende detectar em que lugares neva em tempo real

Grupo de F铆sica da Atmosfera da Universidade de Le贸n tenta criar uma rede de cidad茫os colaboradores para calibrar a informa莽茫o do sat茅lite

José Pichel Andrés/DICYT O Grupo de Física da Atmosfera da Universidade de León trabalha em um projeto cujo objetivo é detectar as áreas nas quais está nevando em tempo real. Para tanto, os cientistas esperam contar com uma rede de cidadãos em Castela e Leão que colabore para oferecer informação a ser contrastada com os dados do satélite Meteosat 3, cuja tecnologia atualmente não é capaz de oferecer com precisão este tipo de dados.

 

Fenômenos meteorológicos como a neve e o granizo são muito complicados de medir. Ainda assim o satélite Meteosta 3 consegue informar a cada 15 minutos sobre a probabilidade de que esteja granizando em um determinado lugar, com uma resolução de 4Km, graças aos resultados de um projeto de pesquisa financiado pela Junta de Castela e Leão. Ademais, o satélite tampouco tem a capacidade de saber se está nevando, já que seria necessário detectar capas frias no solo, o que não pode fazer. Este é um dos objetivos concebidos agora pelos pesquisadores devido aos bons resultados encontrados para outras precipitações, como as tempestades de granizos.

 

“Apesar de todos os progressos nas previsões meteorológicas, não sabemos com certeza se está nevando em um determinado lugar e em um determinado momento”, reconhece em declarações a DiCYT Laura López Campano, cientista deste grupo de pesquisa. Assim, os especialistas propõem aos cidadãos interessados que se unam ao projeto através do registro na seção de Controle de Riscos Meteorológicos disponível em http://gfa.unileon.es/

 

Até agora os cientistas possuem tenenivômetros, aparelhos geralmente instalados em áreas de montanha que medem a espessura da neve em um determinado momento, mas apresentam alguns problemas, como a possível acumulação de neve juntamente no lugar em que estão instalados, o que distorceria a informação geral. Também existem pluviômetros aquecidos, que servem para medir a quantidade de precipitação quando a neve se funde. Outra ferramenta são os disdrômetros, que classificam o tipo de meteoro que cai através de laser, mas estes são muito caros e este grupo de pesquisa somente possui um. No entanto, nenhuma destas ferramentas se ajusta às necessidades dos pesquisadores, de modo que pretendem compensar a falta de dados com a criação da rede de observação meteorológica composta por pessoas.

 

O objetivo desta rede será integrar todos os dados para realizar um mapa de riscos meteorológicos em tempo real que integre toda a informação da Confederação Hidrográfica do Douro (CHD), a Agência Estadual de Meteorologia (Aemet) em âmbito regional, ou o Instituto Tecnológico Agrário de Castela e Leão (Itacyl), que são os organismos públicos que dispõem de estações meteorológicas, aos quais se deveria agregar as estações privadas. No total, “em Castela e Leão existem mais de 90 estações meteorológicas, mas em muitas ocasiões se situam nos mesmo lugares”, indica a especialista.

 

Calibrar a informação do satélite com estes novos dados serviria para elaborar novos modelos de riscos meteorológicos e novos modelos de previsão, aos quais poderiam ter acesso os cidadãos registrados na rede.

 

Um exemplo da utilidade desta informação é o trabalho desenvolvido por Laura López e sua equipe de pesquisa em Aragón. Em episódios de chuvas fortes, elaboram mapas divididos em partes com estimativas do que chove em cada uma e, considerando os dados do solo e suas capacidades de absorção da água, calculam o caudal previsto para o rio Ebro, em Colaboração com a Confederação Hidrográfica do Ebro. Em momentos específicos se realizam até quatro simulações por dia para determinar quando é possível produzir-se uma enchente ao passar por uma localidade determinada.

 

Percepção de riscos meteorológicos

 

Como um trabalho complementar, o Grupo de Física da Atmosfera da Universidade de León realiza estudos sobre percepção de riscos meteorológicos pela população. Para tanto, analisa os meios de comunicação, já que outras pesquisas demonstraram que as entrevistas diretas aos cidadãos refletem exatamente os mesmos resultados que uma análise dos temas mais tratados nas notícias.

 

Seus dados em Castela e Leão indicam que, entre 2002 e 2012, 30% das notícias sobre riscos meteorológicos relacionaram-se com a neve, acima de outros temas como o calor, as chuvas fortes ou a neblina.

 

Para os especialistas estes resultados contrastam com a realidade, porque em muitas províncias as nevadas não representam o risco meteorológico principal. Por exemplo, em Valladolid a neblina está mais presente do que em Zamora estão as ondas de calor, mas “a população não considera estes fenômenos importantes porque são notícia nos meios de comunicação e não costumam acarretar perdas econômicas ou grandes transtornos para a vida diária”.

 

Em todos os casos, a população também subestima o número de dias de neve que ocorrem na realidade, ainda que sua percepção de que atualmente neva menos que há décadas corresponda, em linhas gerais, com a informação coletada pelas estações meteorológicas.

 

Menos dias de neve

 

Os pesquisadores analisaram os dados registrados entre 1960 e 2010 em dez cidades de Castela e Leão, as nove capitais da província e Ponferrada, para estudar a tendência no número de dias de neve por ano. A principal conclusão é que ocorreu uma redução significativa na quantidades de dias com neve, sobretudo em León, Ponferrada e Salamanca, ainda que curiosamente em Segovia houve um aumento. No resto das cidades analisadas as variações não são apreciáveis.

 

Para medir o número de dias com neve, toma-se como referência o número de dias nos quais foram registradas precipitações em forma de neve em uma localidade determinada. No entanto, geralmente os cidadãos somente se lembram das grandes nevadas e, quando neva pouco, não consideram como “dia de neve”, de modo que a visão da população nem sempre está de acordo com os dados técnicos. Assim, os pesquisadores concluem que seria interessante registrar, além dos dados meteorológicos, dados que reflitam melhor a percepção da população como, por exemplo, “o número de dias de neve com espessuras superiores a um determinado valor”.

 

Este tipo de trabalhos se complementa com campanhas de avaliação de riscos e educação ambiental em riscos meteorológicos, de modo que tanto adultos, como estudantes saibam, por exemplo, o que fazer diante da neve. Todas as campanhas podem ser baixadas na página web uma vez que o usuário esteja registrado.