Pesquisa procura melhorar a produtividade da alfafa autóctone de Castela e Leão
José Pichel Andrés/DICYT Uma pesquisa liderada pelo Instituo de Recursos Naturais e Agrobiologia de Salamanca (Irnasa, centro do CSIC) com o apoio da Universidade de Salamanca está analisando a diversidade de bactérias que podem estabelecer uma simbiose com a variedade de alfafa conhecida como “Tierra de Campos”, autóctone de Castela e Leão, com o objetivo de melhorar a produtividade deste cultivo destinado à alimentação do gado. Os cientistas buscam as bactérias que estão presentes no solo de forma natural e que possam resultar mais favoráveis para a planta, especialmente em solos ácidos.
A alfafa é uma leguminosa que estabelece uma relação simbiótica com rizobactérias do gênero Ensifer (até pouco tempo conhecido como Sinorhizobium), que formam nódulos nas raízes da primeira e neles fixa o nitrogênio, um nutriente fundamental para as plantas. O objetivo deste projeto financiado pela Junta de Castela e León e buscar os tipos de bactérias que melhor resultado possam dar em união com a alfafa cultivada tradicionalmente em regime de sequeiro na região.
Álvaro Peix Geldart, cientista do Irnasa e pesquisador principal do projeto, explica em declarações a DiCYT que o objetivo centra-se em “otimizar o cultivo de alfafa em solos ácidos estudando a biodiversidade das populações de bactérias que se associam com a planta formando nódulos”. Para isso, incluem-se testes de tolerância à acidez do solo, determinado pelo pH, e de eficiência em sua associação com o cultivo.
Trata-se de isolar as rizobactérias “tolerantes ao stress ácido e que tenham uma boa eficiência simbiótica em meio ácido, isto é, que sejam capazes de fixar o nitrogênio neste meio”, comenta o pesquisador. “Uma planta pode crescer em muitas condições, mas sempre existirão condições ótimas”, indica. A partir delas, existem linhagens de bactérias que são capazes de fixar melhor o nitrogênio que outras, de maneira que inocular as adequadas pode representar uma grande vantagem para o crescimento das plantas de uma maneira natural, sem necessidade de recorrer a produtos químicos.
Este tipo de bactérias estão normalmente no solo, mas “se temos uma linhagem mais eficaz que a existente no solo, podemos inoculá-la e fazer com que entre antes na planta, aumentando o tamanho e a produtividade vegetal”, afirma. Através deste sistema pode-se promover o cultivo de alfafa inclusive em solos onde atualmente não prospera, explica o cientista.
Um cultivo essencial
A alfafa é o cultivo forrageiro mais importante da Espanha, principalmente no norte, já que as comunidades de Castela e Leão, Aragón e Catalunha são responsáveis por 80% da produção nacional. Para os animais representa um bom alimento por seus valores protéicos e energéticos. Para os agricultores, é um produto rentável porque admite numerosos cortes ao longo do ano. No entanto, a variedade “Tierra de Campos”, própria do município homônimo que se estende por Palencia, Valladolid, Zamora e León, apresenta uma produtividade inferior a de outros tipos alfafa, sobretudo aqueles de cultivo irrigado, a ponto de a Junta de Castela e Leão ter que promover seu cultivo para evitar que este se perca.
Por isso, conseguir aumentar a produção através da inoculação de rizobactérias pode ser muito importante para conservar a variedade ao mesmo tempo que beneficia os agricultores que a utilizem com um melhor rendimento e uma prática mais natural, que já está estabelecida para muitos outros cultivos e que diminui o uso de fertilizantes nitrogenados. Cientistas de Salamanca, tanto do Irnasa como da Universidade de Salamanca, trabalham nesta linha de pesquisa com distintos tipos de cultivo.