Salud España , Salamanca, Lunes, 21 de mayo de 2012 a las 18:20

O comprimento dos telômeros está relacionado com o prognóstico dos pacientes com síndrome coronariana aguda

Pesquisa revela que o telômero curto pode ser um fator de risco cardiovascular, como são o tabaco, a diabete, a hipertensão e a dislipidemia

EFB/DICYT Pesquisadores da Universidade de Salamanca e do Hospital Universitário da cidade analisaram pela primeira vez a influência do comprimento dos telômeros, uma parte dos cromossomos, no prognóstico de pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA). O estudo, apresentado no XVIII Congresso de Cardiologia de Estudantes (CARES), realizado na capital de Salamanca, pode ser o primeiro passo para que futuramente o pequeno comprimento do telômero seja considerado um fator de risco cardiovascular, como o tabaco, a diabete, a hipertensão e a dislipidemia.

 

Os telômeros são os extremos dos cromossomos, filamentos de DNA em forma de bastonetes que participam na divisão celular, e sua função é proporcionar estabilidade genômica. De acordo com este estudo de Salamanca, seu comprimento pode ajudar no prognóstico dos pacientes com síndrome coronariana. “Não temos resultados definitivos, mas parece que os pacientes com piores quadros são aqueles com telômeros mais curtos, portanto, o envelhecimento celular estaria relacionado com o prognóstico dos pacientes com síndrome coronariana”, afirma em declarações a DiCYT Ángel Pérez, pesquisador do Hospital Universitário de Salamanca e autor do estudo, junto a Pedro Pabón Osuna.

 

Apesar de existirem estudos em andamento que relacionam os telômeros com a doença coronariana, este caso representa uma novidade porque se foca no prognóstico da síndrome. O objetivo dos pesquisadores é analisar, em uma população de homens com síndrome coronariana aguda, a possível relação do comprimento telomérico com cada um dos tipos de SCA identificado.

 

Foram coletadas, com prévio consentimento, amostras de sangue periféricas de um grupo de 135 homens de 50 a 70 anos com a doença. Os participantes do estudo representam um amplo leque de casos, de modo que entre eles existem fumantes, diabéticos e hipertensos, sendo que seus diagnósticos dentro dos diferentes tipos de síndrome coronariana aguda eram variados.

 

Com o tabaco, os cientistas encontraram resultados conclusivos, mas o mesmo não ocorreu com os demais fatores. “Os fumantes têm os telômeros mais curtos e provavelmente isso se deve ao efeito direto do tabaco, ainda que possam existir outras causas que também influam, por exemplo, na genética. Uma das explicações seria que o estresse oxidativo provocado pelo tabaco pode diminuir o tamanho dos telômeros”, explica Pérez.

 

Neste sentido, “não significa que o infarto provoque uma divisão celular maior que reduza os telômeros, ou que estes se deteriorem com mais rapidez, mas que se trata de pacientes com um envelhecimento celular maior”, salienta o especialista. Para comprovar este fato, “dever-se-ia comparar os resultados com um grupo de controle”, pessoas que não sofram de uma síndrome coronariana aguda, mas com as mesmas características dos estudados.

 

Até agora os principais fatores de risco cardiovascular são o tabaco, a diabete, a hipertensão e a dislipidemia, mas as análises poderiam indicar se um comprimento menor dos telômeros também representa um risco. “Abrir-se-ia, assim, o campo a outros fatores e seria possível entender a doença coronariana de uma forma muito diferente da atual, trabalhar de outra maneira”, afirma Pérez.

 

Em relação à expectativa de vida dos pacientes, Pérez explica o importante papel da telomerase, uma enzima que permite alargar os telômeros e que, portanto, é fundamental nesta linha de pesquisa. “Se no futuro fosse possível agir sobre a telomerase poderíamos falar de uma maior expectativa de vida”.

 

Aumentar o relógio biológico

 

Os telômeros, se tratados como relógios, diminuem cada vez que a célula se divide, uma redução progressiva que conduz a sua morte. A telomerase é uma ferramenta das células encarregada de mantê-los intactos, o que na prática se traduz em que a célula pareça sempre jovem. “Se em pacientes com telômeros mais curtos pudéssemos agir sobre essa enzima para aumentá-los, poderíamos conseguir fazer com que não houvesse complicações e que os envelhecimento celular fosse menor, mas de momento não existe tecnologia suficiente para desenvolvê-lo. Falar disso é quase falar de ficção científica, trata-se de algo muito distante”, afirma Pérez.

 

No entanto, isso implica riscos. Os telômeros funcionam como “um controle de qualidade” e manipulá-los pode aumentar a vida de uma célula, mas também convertê-la em um perigo potencial para o organismo. Desse modo, a maioria das células adultas não fabrica telomerase, enquanto as células cancerígenas aprendem muito rápido a fabricá-la. De acordo com Pérez, “as células com câncer são células quase importais. Sempre corremos este risco”.

 

Tanto na Faculdade de Medicina, com Clara Cieza e Rogelio González, chefe do departamento de Medicina Molecular, quanto na área de cirurgia do Hospital Universitário, com Pedro Pabón e Ángel Pérez, os cientistas de Salamanca trabalham há anos nesta linha de pesquisa, cujos resultados mais recentes foram apresentados no XVIII Congresso de Cardiologia de Estudantes (CARES), dedicado nesta edição às doenças cardiovasculares na velhice. No trabalho apresentado participaram também Cristina Cuadrado Tiemblo, Carmen Ramos Martín, Sara Blanco Madera e Esther Acosta Acosta, estudantes do quarto ano de Medicina da Universidade de Salamanca.

 

“Visamos o futuro, o que será a Medicina em alguma anos”, conta Esther Acosta. “Sobre este tema não existe nada escrito e começar a estudá-lo motiva aos que vêm atrás para que continuem suas pesquisas”, agrega Cristina Cuadrado.