Ciencia España , Zamora, Lunes, 25 de noviembre de 2013 a las 10:16

Novos dados sobre a Idade do Ferro na província de Zamora

As ‘III Jornadas de Jovens Pesquisadores do Vale do Douro: Do Paleolítico à Antiguidade Tardia’ revelam a importância de um sítio arqueológico quase desconhecido em La Guareña

José Pichel Andrés/DICYT Diversas prospecções arqueológicas realizadas nos últimos anos na província de Zamora estão proporcionando muita informação sobre a Idade do Ferro, conforme os resultados apresentados hoje nas ‘III Jornadas de Jovens Pesquisadores do Vale do Douro: Do Paleolítico à Antiguidade Tardia’, realizadas na Universidade de Salamanca. Dentre os trabalhos científicos mais destacáveis estão as descobertas do sítio arqueológico da encosta de ‘El Pico’, que ocupa cerca de seis hectares e acerca da qual quase não existiam dados.

A pesquisadora Raquel Portilla Casado, que realiza sua tese na Universidade de Salamanca, somente contava com informações de princípios dos anos 90, quando uma primeira prospecção foi realizada. Aquele trabalho não foi publicado e não foram analisados os materiais encontrados, que estivam datados de forma imprecisa entre o Calcolítico, a primeira Idade do Ferro e finais da Idade do Bronze.

O projeto de Raquel Portilla pretendia estudar toda a Idade do Ferro no município de La Guareña, mas o único sítio arqueológico que ofereceu bons resultados foi a pequena fortaleza de La Guareña, precisamente, acerca da qual existia menos informação nos inventários anteriores. “Coletamos uma quantidade ingente de peças de cerâmica, mais de 1.000, deixando grande parte no campo”, indica em declarações a DiCYT.

Estes materiais e sua decoração permitiram determinar com segurança que o local esteve povoado na Idade do Ferro. Além disso, é uma região limítrofe com Valladolid e Salamanca, e está relacionada com outros sítios arqueológicos dessas províncias, de modo que “a suposta lacuna que tínhamos nessa região acaba de ser preenchido com esta fortaleza”. De fato, está rodeada por cinco sítios arqueológicos do final da Idade do Bronze e os pesquisadores acreditam que aquelas populações se deslocavam a esta região.

Além da cerâmica, a pesquisa revelou algumas utilidades líticas, grande quantidade de restos ósseos que aparentam ter sido manipulados com ferramentas e restos metálicos. Até que não sejam feitas escavações, não é possível tirar muitas conclusões sobre a história da encosta de ‘El Pico’, mas “não encontramos restos defensivos, pode ser um povoado dedicado à pecuária sem nenhum outro tipo de interesse”, afirma.

Serra da Culebra

Por outro lado, em alguns sítios arqueológicos da Serra da Culebra, também na província de Zamora, os arqueólogos proporcionam novos dados baseados quase exclusivamente nos restos de importantes sistemas defensivos, conforme explicou em outra palestra Óscar Rodríguez Monterrubio, da associação Zamora Protohistórica. Atualmente, o mais destacado são as muralhas desmoronadas, também podendo-se observar cerâmicas e instrumentos líticos quando a vegetação permite.

“Temos teoria de que o controle do território não era exercido de maneira separada em cada sítio arqueológico, mas em comunidade, porque a partir de um local era possível dominar um área concreta e outro, com melhores sistemas defensivos, controlaria uma área superior”, indica o especialista. Cada sítio arqueológico está relacionado com seu ambiente. Os cursos fluviais e os vales comunicavam os diferentes sítios arqueológicos e o objetivo era captar recursos através da mineração ou de pastos em uma região estratégica, situada entre o vale do rio Tera, ao Norte, e o vale do rio Aliste, ao Sul.

Os trabalhos sobre a Idade do Ferro nesta região foram realizados entre 2006 e 2013 em lugares como o forte de El Castillán (Ferreras de Arriba). “Partimos de estudos feitos nos anos 80, listas de sítios arqueológicos e sua localização que serviram para localiza-los, mas com as novas técnicas hoje existentes e com os estudos já realizados estas prospecções atualizam a informação”, explica.

Romanização

Na jornada de hoje outras comunicações sobre a Idade do Ferro focaram-se em dois sítios arqueológicos de Sanabria: Las Muradellas e Santo Toribio. Do mesmo, apresentou-se um estudo sobre a relação dos grupos humanos da cultura das fortalezas com o vale dos rios Tera e Razón, das montanhas de Soria, na primeira Idade do Ferro.

Fora desta época, outra sessão falou da romanização no Vale do Douro, com estudos sobre as províncias de Zamora, Valladolid, Palencia e León. Finalmente, a última sessão ocupou-se da arqueologia experimental.


Arqueologia experimental: a hidromel

A jornada foi finalizada com demonstrações práticas de arqueologia experimental. Dentre elas, a empresa de arqueologia Arbotante, de Valladolid, explicou seu trabalho com a hidromiel, uma antiga bebida alcoólica resultado da mescla de mel e água fermentada com leveduras, com a adição de alguns frutos.

Este trabalho está baseado nas descrições de fontes romanas e medievais, mas tem um caráter empírico. “Tentamos reconstruir como eram elaboradas essas bebidas”, comenta Miguel Ángel Brezmes, da Arbotante. Nos registros arqueológicos pode existir restos de mel ou cerveja que forneçam pistas sobre os processos de elaboração, mas a experimentação real também aporta muita informação sobre como ocorria a fermentação, como ficava a mescla ou em quais recipientes era armazenada, “elementos que estão fora do contexto arqueológico”. Assim, a Arbotante elabora sua própria hidromel para avançar o estudo.

 

“Nosso projeto de pesquisa abrange das primeiras pinturas rupestres que fazem referencia à coleta de méis silvestres, em 9.000 a. C., até a elaboração e o significado social que tinham, relacionado com a coesão social e as crenças, pois era uma bebida ritual reservada à elite e a momentos de união do grupo”, indica Iván García.

Estes conhecimentos podem ser aplicados futuramente, pois “no âmbito arqueológico queremos tentar alertar sobre estruturas relacionadas com o mundo apícola que podem passar desapercebidas em algumas escavações”.

A arqueologia experimental “está levantando muitas perguntas”, asseguram os arqueólogos. Estudar as obras líticas ou a fabricação de moradias com adobes é muito mais prático através da experimentação. “Testamos quais eram os processos do passado, reproduzindo-os no presente”, resumem os pesquisadores.