Health Spain , Salamanca, Wednesday, February 22 of 2012, 14:14

Modelo matemático sobre a resistência das bactérias aos antibióticos

Universidade de Salamanca pretender prever a evolução de uma possível infecção causada por microorganismos adaptados ao ecossistema dos hospitais

José Pichel Andrés/DICYT A Universidade de Salamanca trabalha em um projeto sobre a resistência das bactérias aos antibióticos, problema crescente devido à adaptação dos microorganismos aos novos ambientes como resposta ao uso de antibióticos”, especialmente nos hospitais. A idéia é desenvolver um modelo matemático que explique esta resistência e possa converter-se em um aplicativo informático que ajude a prever a evolução de uma infecção gerada por estes microorganismos.

 

“As bactérias podem ser resistentes intrinsecamente aos antibióticos, mas isto não é um problema, porque é conhecido”, explica em declarações a DiCYT María José Fresnadillo, pesquisadora do Departamento de Medicina Preventiva, Saúde Púbica e Microbiologia Médica da Universidade de Salamanca. No entanto, existe também a resistência adquirida, que ocorre “quando uma bactéria, que a princípio é sensível à ação do antibiótico, se converte em resistente”. Neste caso, causa problemas clínicos, porque “os antibióticos que antes eram úteis para tratar uma infecção perdem eficácia”.

 

O problema é especialmente importante nas Unidades de Tratamentos Intensivos (UTI) dos hospitais, já que as bactérias encontram-se em um ambiente rico em antibióticos que as atacam, de modo que reagem para sobreviver e “se protegem de algum modo, tornando-se resistentes”. Do ponto de vista sanitário, e inclusive econômico, o problema pode ser grave. Segundo Maria José Fresnadillo, “se todas as bactérias se tornassem resistentes aos antibiótico que hoje possuímos, estaríamos em uma situação semelhante a que se vivia antes da descoberta da penicilina”.

 

Desse modo, o projeto propõe a construção de “um modelo para ver como se comportaria na UTI uma bactéria resistente que provoca uma infecção em um paciente, como se transmitiria e se outras bactérias sensíveis também se tornariam resistentes e passíveis de transmissão”, comenta Ángel Martín del Rey, pesquisador do Departamento de Matemática Aplicada que também é responsável por esta iniciativa. “A matemática pode ajudar, na medida do possível, a entender o fenômeno. Não resolveremos o problema, mas poderíamos ajudar a atingir conclusões no aspecto da prevenção”, agrega.

 

'Acinetobacter baumannii'

 

Atualmente a idéia é estudar somente a 'Acinetobacter baumannii', mas é um modelo “que futuramente pode ser substituído por outra bactéria”. Normalmente a 'Acinetobacter baumannii' provoca infecções em Unidades de Tratamento Intensivo em pacientes tratados contra várias doenças ou submetidos a diferentes operações, de modo que estão conectados a muitos tubos, catateres ou sondas que facilitam o acesso da bactéria ao organismo.

 

Existem estudos multicêntricos que vigiam a resistência aos antibióticos, de modo que as bactérias que se tornaram resistentes estão catalogadas pelos pesquisadores, ainda que realmente quase todas sejam resistentes, porque em um ambiente com antibióticos “tentam sobreviver, é evolução pura”. Por exemplo, “os pneumococos, responsáveis pela pneumonia tradicional, estão se tornando resistentes à penicilina”, afirma Fresnadillo. Uma das razoes é que estes microorganismos têm como característica trocar material genético com muita facilidade entre eles, de modo que a evolução se dá de uma forma muito rápida e localizada.

 

“Quando se fala de resistência, é importante falar-se do momento presente”, afirma a especialista. Desse modo, os especialistas devem estar atualizados em relação a “tempo e lugar, se está acontecendo algo em Nova York, não significa que esteja acontecendo em Salamanca, e o que acontece em Salamanca não ocorre da mesma maneira em Zamora. Os surtos são localizados e isso é o que precisamos estudar”, comenta. Esta é a importância de contar com uma ferramenta informática que possa prever a evolução de uma infecção.

 

Ainda que o fenômeno de resistência aos antibióticos por parte das bactérias aconteça em hospitais, existem estudos que indicam que as bactérias já começam a sair, “não existem ecossistemas fechados”, afirmam os pesquisadores, que esperam um financiamento para o projeto, ainda que já estejam trabalhando na linha que, do ponto de vista acadêmico, resultará em, pelo menos, uma dissertação.