Salud España , León, Lunes, 09 de julio de 2012 a las 16:44

Inbiotec decifra o genoma do medicamento mais administrado após transplantes, o tacrolimus

Publicação do trabalho no ‘Journal of Bacteriology’ serviu para adiantá-lo a outros grupos internacionais que perseguiam este mesmo objetivo

CGP/DICYT O Instituto de Biotecnologia de León (Inbiotec) publicou na revista Journal of Bacteriology a seqüência de nucleotídeos do genoma do principal microorganismo produtor de imunossupressores, o tacrolimus,  principal medicamento utilizado atualmente na manutenção de órgãos transplantados como fígado, rim e coração. A publicação do genoma de Streptomyces tsukubaensis, a bactéria produtora de tacrolimus, serviu para adiantar-se a outros grupos internacionais (britânicos, eslovenos ou coreanos) que perseguiam este mesmo objetivo.

 

Este projeto, cujo primeiro autor é Carlos Barreiro, é o resultado de quatro anos de trabalho de uma equipe integrada por 14 pesquisadores (informáticos, biólogos e bioquímicos) atualmente distribuídos por diversos países (Estados Unidos, Reino Unido ou Alemanha).

 

O seqüenciamento do genoma de Streptomyces tsukubaensis, obtido em Ibiotec, representa um importante avanço do ponto de vista científico, pois se trata do primeiro genoma obtido a partir de um microorganismo produtor de um composto imunossupressor. Conforme explica Barreiro a DiCYT, trata-se de uma molécula de grande interesse atual já que as patentes americana e européia foram vencidas, começando agora a ser fabricado como medicamento genérico. “Existem muitas empresas agora mesmo que querem produzí-lo como genérico, de modo que existiam outro grupos tentando seqüenciar seu genoma”, detalha.

 

Neste sentido, a aplicação prática do genoma decifrado possibilitará aumentar a quantidade produzida, ao poder conhecer as rotas biosintéticas relacionadas com sua obtenção; a melhora do processo de produção, ao poder eliminar outros produtos secundários (contaminantes) que aumentam o preço da purificação do tacrolimus; e a melhora da aplicação do composto, ao poder desenhar formas mais ativas e solúveis da molécula a partir do próprio microorganismo produtor.

 

“Os resultados são interessantes em vários aspectos”, indica o pesquisador, que enfatiza que ainda que a molécula fosse conhecida e estivesse sendo produzida, sabia-se muito pouco do microorganismo que a gerava. “Com o seqüenciamento do genoma é possível produzir mais e eliminar contaminantes, já que um dos problemas do tacrolimus é que está misturado com outros imunossupressores e no momento de purificá-lo é preciso eliminá-los. Uma vez que os genes que os produzem forem desativados, será poupado muito dinheiro na purificação”, agrega.

 

Do mesmo modo, enfatiza, o tacrolimus “não é muito solúvel”, de modo que “se for possível modificar geneticamente a molécula para que seja mais ativa ou mais solúvel, será possível economizar também muito dinheiro com purificadores e solubilidades, e a aplicação do tratamento em pacientes será mais simples”. Tudo isso, conclui, “não pode ser feito se não se sabe bem como funciona geneticamente o microorganismo”, o que conseguiu a equipe do Inbiotec.

 

Uso do tacrolimus

 

O tacrolimus, cujo uso em humanos foi autorizado em 1994 pela FDA (Agência de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos, em inglês), gerou lucros de 2.340 milhões de dólares em 2011 sob as diferentes denominações nas quais se comercializa (Prograf, Modigraf, Advagraf, etc).

 

O tacrolimus também é utilizado na forma de pomada (Protopic) no tratamento da dermatite atópica, o em animais para casos de queratoconjuntivite. Do mesmo modo, estão sendo desenvolvidas outras aplicações em doenças auto-imunes como a artrite reumatóide, colite ulcerosa ou a doença de Crohn.

 

O tacrolimus foi uma aposta iniciada pelo anterior diretor do Inbiotec, o doutor Juan Francisco Martín, e continuada pela equipe de direção atual, que resultou em várias colaborações com empresas, duas teses doutorais e vários artigos publicados em revistas científicas internacionais de alto impacto.