Salud España , Salamanca, Lunes, 01 de octubre de 2012 a las 13:48

Identifica-se alterações cromossômicas associadas a mal prognósticos no câncer colorretal

Cientistas de Salamanca publicam na revista PLOS ONE um marcador genético fundamental para determinar se um tumor colorretal pode derivar em metástase hepática

José Pichel Andrés/DICYT Cientistas do Centro de Investigação do Câncer, do Hospital Universitário de Salamanca e da Universidade de Salamanca identificaram alterações cromossômicas no câncer colorretal associadas a um risco maior de desenvolver metástase e, portanto, uma progressão da doença. Os resultados desta pesquisa foram publicados na prestigiada revista científica PLOS ONE.

 

“O maior problema do câncer colorretal é que possa desenvolver metástase, principalmente no fígado”, explica a DiCYT José María Sayagués, cientista que orientou a pesquisa com o professor Alberto Orfao. “Um câncer colorretal não metastático pode ser abordado satisfatoriamente com cirurgia, mas se aparecem metástases hepáticas o prognóstico do paciente é significativamente pior”. Por esse motivo seu grupo de pesquisa elaborou um “mapa das alterações genéticas presentes no câncer colorretal metastático”, trabalho publicado anteriormente no qual se comprovou que certas anomalias se repetem com freqüências nos tumores metastáticos.

 

Com base no trabalho anterior, nesta nova pesquisa analisaram a evolução de 58 pacientes diagnosticados com câncer colorretal esporádico (não hereditário), dos quais 31 resultaram ser tumores não metastáticos e 27 tumores metastáticos. Os resultados revelam que altos níveis do antígeno carcinoembrionário (CEA, em inglês), junto com anomalias nas regiões cromossômicas 17p11.2 e 22q11, podem indicar a sobrevivência em pacientes com câncer colorretal esporádico. Segundo estes dados, os pacientes que tinham pelo menos dois destes três fatores prognósticos adversos morreram cinco anos após a cirurgia, enquanto os pacientes que não apresentavam nenhum destes parâmetros individuais se mantinham com vida após este período de tempo.

 

Este estudo foi corroborado através de uma validação externa, na qual foram utilizados dados procedentes de uma base internacional com informação de outra pesquisa realizada com 109 pacientes. Os resultados foram idênticos e ratificaram as principais alterações encontradas pelos cientistas de Salamanca.

 

Graças a este avanço e considerando que o tumor primário apresenta as mesmas alterações genéticas que o tumor metastático, ao realizar o diagnóstico seria possível identificar distintos grupos de pacientes em função da evolução que previsivelmente teria a doença, o que permitiria desenhar estratégias de tratamento mais adaptadas a cada grupo de prognóstico.

 

Para tanto, um aspecto muito importante é a técnica proposta pelos autores deste trabalho. Para a identificação das alterações nos cromossomos 17p e 22q utilizaram um chip de alta resolução, mas seu alto custo seria inadmissível se tivesse que ser feito em cada paciente. No entanto, uma vez identificada a alteração buscada, é possível detectá-la através de hibridação fluorescente in situ (FISH), uma técnica que permite visualizar as regiões cromossômicas de interesse através de sondas que emitem fluorescência. Esta técnica é muito mais barata e já está em uso para a identificação de alterações cromossômicas em leucemias e linfomas.

 

O desafio de encontrar os principais genes

 

Definitivamente, a pesquisa representa uma contribuição importante na luta contra o câncer colorretal. Até agora sabia-se que determinadas alterações iniciais, chaves para o desenvolvimento do tumor, estavam associadas a mutações no gene APC, localizado no cromossomo 5q. Estas anomalias são muito freqüentes em fases de outras lesões benignas como os pólipos. Em etapas posteriores (adenomas), foram identificadas mutações no gene KRAS (localizado no 12p). No entanto, os genes responsáveis pela transformações maligna parecem ser os TP53 e DCC, localizados no cromossomo 17 e 18, respectivamente. No entanto, “não conhecíamos as regiões cromossômicas implicadas nos processos metastáticos a partir do tumor primário”, comenta Sayagués, e com este trabalho foi dado um grande passo.

 

“Agora que já conhecemos as regiões cromossômicas alteradas neste tipo de tumores e sabemos que isto representa a perda de genes supressores tumorais, nosso interesse centra-se em identificar quais são esses genes e que função têm”, uma complexa tarefa que tem a ajuda da bio-informática. Na pesquisa foi possível comprovar que havia anomalias no cromossomo 17p, no qual se encontra o gene TP53, mas também comprovou-se que nessa mesma região cromossômica encontram-se outros genes responsáveis pelo processo metastático, bem como no cromossomo 22q, que aparece perdido somente em alguns casos metastáticos.

 

Além de José María Sayagués e Alberto Orfao, participam da publicação de PLOS ONE María González-González, Luís Muñoz, Carlos Mackintosh, Celia Fontanillo, María Laura Gutiérrez, María del Mar Abad, Óscar Bengoechea, Cristina Teodosio, Emilio Fonseca, Manuel Fuentes e Javier de las Rivas.