Ciencia España , Palencia, Martes, 07 de diciembre de 2010 a las 11:28

Estudo demonstra viabilidade da madeira de carvalho-negral na produção de vinhos de qualidade

No trabalho, iniciado em 2003, participam Cesefor, Universidade de Valladolid e Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Agrária e Alimentar (INIA)

Cristina G. Pedraz/DICYT Quando o assunto é vinho de qualidade, faz-se referência imediata a sua maturação em madeira de carvalho americano ou francês. Em Castilla y León os especialistas estimam que uma de cada quatro árvores é um carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd), carvalho autóctone da península ibérica, o que levou os cientistas a estudar a aptidão desta espécie para ser utilizada no envelhecimento de vinhos. Desde 2005 o Centro de Serviços e Promoção Florestal e de sua Indústria de Castilla y León (Cesefor), o Centro de Investigação Florestal do Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Agrária e Alimentar (CIFOR-INIA) e o Grupo de Investigação de Processos Enológicos da Universidade de Valladolid (UVaMOX), localizado no Campus de Palencia, analisam esta possibilidade e comprovaram que os vinhos feitos em madeira de carvalho-negral representam uma opção real e de qualidade no mercado enológico frente às tradicionalmente utilizadas, sobretudo em forma de produtos alternativos ao barril.

 

Ainda que seja um recurso florestal abundante em Castilla y León (com uma extensão que alcança 700.000 hectares e 20 milhões de metros cúbicos), atualmente o carvalho-negral tem um escasso aproveitamento econômico. Assim, os resultados deste trabalho representam uma alternativa para o aproveitamento da espécie, não tanto para a fabricação de barris como para a produção de alternativas a esta, pedaços de madeira de distintos tamanhos (lascas, tábuas) adicionados aos depósitos de aço inoxidável junto a pequenas quantidades de oxigênio (micro-oxigenação).

 

Durante estes anos os pesquisadores focaram-se na comparação das propriedades físicas e químicas da madeira tanto fresca, como durante o processo em tonéis (secagem natural, secagem acelerada e distintos níveis de tostagem).

 

Todos estes trabalhos estão sendo realizados em colaboração entre o Cesefor (Miguel Broto e Iñigo Lizarralde), conhecedores da espécie em Castilla y León, o CIFOR-INIA (Estrella Cadahía e Brígida Fernández de Simón), especialistas em caracterizar a madeira e compará-la com outros tipos do ponto de vista químico e o Grupo de Investigação da Universidade de Valladolid (María del Álamo e Ignacio Nevares), especialistas em processos de envelhecimento de vinhos. O emprego de madeira de carvalho-negral no tratamento de vinhos permite que se conheçam as possibilidades e projeção dos vinhos envelhecidos com esta madeira. Também foram envelhecidos em diferentes Denominações de Origem, tanto em barris como utilizando produtos alternativos, caracterizando-se os vinhos com analises químicas e sensoriais (degustação com painéis de especialistas).

 

Resultados promissores em uma degustação cega

 

María del Álamo e Ignacio Nevares, pesquisadores do grupo UVaMOX, explicaram a DiCYT os detalhes desta pesquisa. “Realizou-se uma degustação cega na qual se enviou a distintos técnicos da Espanha o mesmo vinho envelhecido com as três madeiras, Frances, americano ou espanhol. Recebemos cerca de 80 respostas e o Quercus pyrenaica respondeu de forma positiva”, indicam, o que resultou em uma grande demanda desta madeira.

 

O próximo passo será preparar a produção de madeira para seu uso em tonéis, fim para o qual colaboram com a firma Intona. Como afirmam os pesquisadores, trata-se de um trabalho complexo, já que a madeira tem que evoluir química e sensorialmente, ao mesmo tempo em que deve alcançar uma umidade concreta, adequada a sua estrutura, como ocorre com o carvalho americano e Frances, o que implica um processo de 2 ou 3 anos. Antes de poder utilizá-la com o vinho, sofre um processo de tostagem na fabricação do barril.

 

Outro aspecto destacável é que são poucos os exemplares de árvores adequadas para fabricar barris. Por esse motivo, vários técnicos que colaboram no projeto visitaram na ultima primavera diferentes agrupamento de carvalho-negral de Salamanca com o objetivo de determinar quais exemplares são válidos para a obtenção de barris para maturação de vinhos. Nesse sentido, Cesefor segue trabalhando na silvicultura do carvalho-negral em colaboração com o Conselho de Meio Ambiente da Junta de Castilla y León.