Health Mexico , México, Wednesday, February 13 of 2013, 14:07

Estuda-se células que inibem e criam doenças

A pesquisa apoiada pelo FONCICYT resultou em uma patente para a criação de células que regulam o sistema imunológico

Agência ID/DICYT Um grupo de pesquisadores da Universidade Autônoma de San Luis Potosí (UASLP) estuda as células dendríticas derivadas da medula óssea e sua participação nos mecanismos que geram doenças autoimunes como a artrite reumatóide, o lúpus eritematoso generalizado e a tireoidite autoimune, dentre outras.

 

As células dendríticas derivadas da medula óssea fazem parte do sistema imunológico, sua função é captar antígenos que, uma vez processados, apresentam-se aos linfócitos T, que se ativam e geram a resposta imune. No entanto, também existem células dendríticas que realizam uma função oposta, isso é, que quando apresentam o antígeno, inibem a ativação dos linfócitos e, portanto, a resposta imune.

 

O doutor Roberto F. González Amaro, da Faculdade de Medicina da UASLP, coordenador da pesquisa, explicou que este fenômeno é conhecido como tolerância imunológica e as células dendríticas que o induzem são denominadas tolerogênicas.

 

“As células dendríticas imunogênicas possuem uma grande capacidade de estimular os linfócitos T, o que determina que o antígeno é capaz de induzir a resposta imune. No entanto, também existem células dendríticas que realizam uma função oposta, isso é, que no momento de apresentar o antígeno, inibem a ativação dos linfócitos e, portanto, a geração da resposta imune”, detalhou o especialista.

 

Agrega que em razão de que as doenças autoimunes sejam conseqüência da geração de respostas imunes do organismo dirigidas contra os antígenos próprios, é fácil entender porque as células dendríticas imunogênicas participam na indução destas doenças.

 

O doutor González Amaro afirma que em indivíduos sadios, o fenômeno da tolerância imunológica a antígenos próprios e, portanto, a ausência de doença autoimune, depende da atividade das células dendríticas tolerogênicas. Assim, nas pessoas com alguma doença autoimune seria necessário estimular a geração e função das células dendríticas, que podem inibir a atividade anormal do sistema imune.

 

O estudo das células dendríticas derivadas da medula óssea foi realizado com o apoio do Fundo de Cooperação Internacional de Ciência e Tecnologia (FONCICYT) e participaram duas instituições mexicanas: a UASLP e o Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição “Salvador Zubirán”, e duas européias, o Hospital Universitário da Princesa, Universidade Autônoma de Madri, Espanha, e o Nijmegen Centre for Molecular Life Sciences, dos Países Baixos.

 

Como resultado da colaboração entre o Hospital Universitário da Princesa e a UASLP, criou-se uma patente relacionada com a possível utilidade de uma molécula conhecida como PSGL-1 para a geração de células dendríticas tolerogênicas e de outras com potente atividade reguladora sobre o sistema imune.

 

A pesquisa conjunta foi realizada durante 22 meses, e atualmente buscam-se novos recursos que permitam a geração de conhecimento de fronteira e novas opções de tratamento das doenças mencionadas.