Engenheiro Agrônomo do Campus de Palencia desenvolve um secadouro para biomassa derivada de algas
Cristina G. Pedraz/DICYT A biomassa da alga tem várias aplicações em campos como a energia, com a extração de óleo para a produção de biodiesel, a farmácia, a cosmética ou a nutrição, ao servir como complemento alimentício com importantes propriedades para os animais. No entanto, trata-se de um cultivo com alto conteúdo de umidade (entre 75 e 98%), de modo que é necessário desidratá-lo antes de aproveitá-lo.
Jorge Miñón, aluno da Escola de Engenharias Agrárias da Universidade de Valladolid, localizada no Campus de Palencia, desenvolveu no seu projeto de fim de curso um secadouro de biomassa de algas por contato que se encontra em processo de patente. O estudante, que foi orientado por Luis Manuel Navas, coordenador do Grupo de Investigação de Tecnologias Avançadas Aplicadas ao Desenvolvimento Rural Sustentável (Tadrus), detalha que o projeto conta com a colaboração do Grupo de Agroenergética da Universidade Politécnica de Madri, coordenado por Jesús Fernández.
“É necessário secar a biomassa produzida para que não perca suas propriedades e este processo demanda grandes consumos de energia. Através do sistema proposto, produz-se uma sinergia dentro do próprio processo de cultivo das microalgas e obtém-se a energia para secá-las”. O secadouro idealizado se adapta ao processo de cultivo das microalgas ou de qualquer tipo de biomassa de algas, já que é alimentado por uma corrente de ar quente que provoca a evaporação da água contida nas algas.
Posteriormente, como detalha Jorge Miñón, o fluxo calefator passa por uma placa (denominada “de percurso”) que distribui homogeneamente o gás resultante de seu desenho radial. Na parte de cima se encontra outra placa (de intercâmbio), em cuja face superior distribui-se a biomassa da alga, que ascende por um suporte. Depois, uma raspadeira permite retirar a biomassa seca, que é depositada na parte inferior da placa de intercâmbio.
Além de assegurar a qualidade da biomassa de algas coletada, o sistema possui como objetivo evitar investimentos complementares ao processo de secagem (como os desumidificadores), permitir seu acoplamento dentro da operativa de cultivo de microalgas e em qualquer indústria suscetível de realizar o processo, e evitar perdas de calor dos gases de combustão prévias a sua incorporação ao fotobiorreator (o sistema que promove a fotosíntese das clorofilas a fim de produzir microalgas para obtenção de biodiesel).
Ademais, o desenho idealizado aumenta a eficiência energética do processo. Por outro lado, “o secadouro não altera a composição do gás calefator, o que é muito positivo por seu conteúdo em nutrientes no caso deste gás ser injetado, posteriormente, nos fotobiorreatores, já que evitará alterações no meio de cultivo e, consequentemente, uma diminuição na produtividade”. Outra vantagem é que o conteúdo inicial de água do gás calefator não é alterado, impossibilitando condensações que derivem na diminuição da vida útil da instalação.
Miñón obteve uma das bolsas do Programa Prometeo da Fundação Geral da Universidade de Valladolid, enquadrado no Projeto T-CUE da Junta de Castela e Leão, iniciando seu doutorado no Grupo Tadrus com o fim de aprofundar-se na intensificação do cultivo das algas, “para estudar, por exemplo, quais condições limitam o desenvolvimento de novas técnicas”.