Ciencia España , Burgos, Miércoles, 23 de febrero de 2011 a las 10:30

Descobertas sete novas entradas para futuras intervenções em Atapuerca

Pesquisadora do Cenieh emprega técnicas de prospecção geofísica para conhecer melhor o subsolo da jazida

Antonio Martín/DICYT Trabalho de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa sobre Evolução Humana (Cenieh) identificou as geometrias do subsolo nas jazidas de Atapuerca (Burgos). Por meio de técnicas de prospecção geofísica, os cientistas puderam conhecer com mais profundidade as áreas não escavadas da região. A pesquisa determinou sete potenciais novas entradas de exploração, o que abre possibilidades a futuras intervenções e a planificação das mesmas.

 

Dirigido por Alfredo Pérez González, o trabalho científico pretende “dar um contexto geológico e morfológico às jazidas para conhecer a paisagem em que viviam os hominídeos” que povoaram esta região, indica Ana Isabel Ortega, pesquisadora do Cenieh que publicou o artigo científico “Applying Electrical Resistivity Tomography to the Identification of Endokarstic Geometries in the Pleistocene Sites of the Sierra de Atapuerca (Burgos, Spain)" na revista “Archaeological Prospection”. Atapuerca não é um lugar parado no tempo, e sim que sofreu modificações. Há duas décadas a equipe dirigida por Pérez González estuda a evolução deste espaço do Mioceno (há 23 milhões de anos) e centrou-se no Pleistoceno (época geológica entre 2,59 milhões de anos a 12.000). Os cientistas estudaram a evolução da rede fluvial e o efeito da erosão produzida na paisagem, determinando que os agentes que mais mudanças produziram nestes contrafortes da serra de Atapuerca foram os rios Arlanzón, Vena e Pico.

 

Ana Isabel Ortega estudou a formação de cavidades, espaços que logo foram ocupados por hominídeos. Estes “usavam as zonas de entrada das covas” para refugiar-se. A formação de cavidades nesta zona está relacionada diretamente com a formação da bacia do Arlanzón, segundo descobriu o grupo de pesquisa do Cenieh. “Datar os terraços do Arlanzón não é difícil”, já que a formação das covas interiores deve-se à ocupação dos hominídeos. Sabe-se que existem restos humanos na Sima del Elefante de até 1,22 milhões de anos.

 

Reconhecimento do carste

 

A principio, reconheceu-se parte do carste (paisagem de relevo acidentado ocasionada pela erosão química em terrenos calcários) de Atapuerca pelas diferentes entradas nele realizadas e pela trincheira que formam as vias ferroviárias. “Sabe-se que é grande, mas não se pode ter acesso a todo seu conjunto porque está tampado atualmente”. Com a tomografia elétrica de resistência (TER), pôde-se identificar as geometrias endocársticas nas jazidas da Serra de Atapuerca. A tomografia “permite o reconhecimento de uma zona de maneira semelhante a um TAC”, explica a especialista. Em linhas retas são inseridas chaves que oferecem impulsos elétricos. A eletricidade circula pelo terreno e regressa ao ponto de partida. Conforme a resposta de resistência ao impulso elétrico, conhece-se a composição do interior. Assim, foi possível descrever buracos que formaram as antigas covas. “Os vácuos são muito resistentes à eletricidade”, explica Ortega.

 

Esta técnica, “menos invasiva e mais barata” que outras empregadas para exploração do subsolo, permitiu conhecer canais internos, novas cavidades na Dolina ou possíveis entradas de cavernas. Até estes pontos são descritos como entradas desconhecidas até o momento, a maioria no vale da Propiedad. Estas sete zonas são adequadas “para possíveis novas intervenções”, mas podem também ajudar em um trabalho fundamental em uma jazida com tantas possibilidades como Atapuerca: “ajuda a planificar os lugares que podem adquirir importância na jazida”.

 

A equipe de pesquisa que validou o método de trabalho com o TER neste tipo de jazida ao publicá-lo na prestigiosa “Archaeological Prospection” pretende agora recriar de forma tridimensional os espaços encontrados no subsolo, para determinar as zonas mais interessantes que ainda podem ser encontradas debaixo da serra. O trabalho foi realizado no contexto do programa de Geoarqueologia do Cenieh, junto a pesquisadores do Grupo Espeleológico Edelweiss e da Área de Engenharia do Terreno da Escola Politécnica Superior da Universidade de Burgos.