Nutrition Spain , Burgos, Tuesday, April 30 of 2013, 10:43

Desde o Neolítico, a intervenção humana foi determinante na redução da diversidade de espécies

Assim demonstra um estudo baseado na análise de mais de 3.000 indivíduos micromamíferos, dentre eles os encontrados na Caverna Portalón e no Mirante de Atapuerca

CGP/DICYT Desde suas origens mais remotas o Homo sapiens sempre interveio de um modo ou outro em seu meio, o que aumentou com a aparição da agricultura e do sedentarismo durante o Neolítico. Avaliar o impacto deste fato sobre as mudanças na riqueza e na diversidade dos micromamíferos da Península Ibérica durante o Pleistoceno superior-Holoceno foi o objetivo de uma pesquisa baseada na análise de mais de 3.000 indivíduos micromamíferos, dentre eles os encontrados na Caverna Portalón e no Mirante da Serra de Atapuerca.

 

O trabalho foi realizado pelo IPHES (Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social) que será publicado na revista Geology, um artigo liderado por Juan Manuel López-García, vinculado ao IPHES que atualmente pesquisa na Università degli Studi di Ferrara (Italia).

 

Sabe-se que durante o Pleistoceno superior (há mais de 125.000 anos) o clima foi um fator determinante nas mudanças observadas na diversidade das espécies, mas a partir do Neolítico é a nossa espécie, Homo sapiens, que tem um papel decisivo com sua intervenção massiva sobre a paisagem, segundo a informação do IPHES coletada pela DiCYT.

 

Juan Manuel López-García afirma que é esta antropização o fator que determina a diversidade das espécies, “porque estas são muito suscetíveis às mudanças climáticas e ambientais”. Em outras palavras, “no Pleistoceno superior a intervenção humana sobre o meio natural não produzia conseqüências, mas a partir do Neolítico começa a influir”, insiste.

 

Seis jazidas

 

Para realizar o estudo foram escolhidas seis jazidas do Pleistoceno superior e do Holoceno, que correspondem a 18 níveis diferentes datados com uma cronologia que oscila entre 22.000 e 3.000 anos atrás. Além da Caverna de Portalón e do Mirante de Atapuerca (Burgos), estão os de Valdavara (Lugo), El Mirón (Cantabria), Colomera (Lleida) e Sala Chimenas, em Maltravieso (Cáceres). No total foram estudados 3.194 indivíduos micromamíferos.

 

“Analisando os índices da riqueza e diversidade de espécies, observamos que o clima desempenhou um papel importante em alguns lugares durante o Pleistoceno superior e a princípio do Holoceno, pois a presença de pequenos mamíferos estava estreitamente relacionada com as temperaturas médias anuais e as mudanças na paisagem, variando segundo as diferentes flutuações climáticas detectadas. No entanto, no começo do Holoceno, há cerca de 8.000 anos, isto já muda e as atividades humanas começam a ter um papel fundamental”, conclui Juan Manuel López-García.