Salud España , Valladolid, Viernes, 05 de octubre de 2012 a las 12:34

Pesquisadores do Hospital Río Hortega patenteiam um método para detectar alergia a opióides

Técnica permitirá prevenir reações adversas severas a opióides que, além de serem utilizados como drogas, também podem se empregam na medicina como anestésicos e analgésicos

Cristina G. Pedraz/DICYT Um alérgeno ou antígeno é a substância que induz à alergia ou a uma reação de hipersensibilidade nas pessoas que previamente tiveram contato com esse ou são suscetíveis. É comum encontrar-se a pacientes alérgicos a produtos vegetais como o pólen, os frutos secos ou as frutas, mas até pouco tempo não se pensava numa possível hipersensibilidade a outros produtos de origem biológica, a drogas como o cannabis, a cocaína ou a heroína. Esta foi a pergunta feita em 2008 por um grupo de pesquisadores do Hospital Río Hortega de Valladolid, que estudaram a fundo esta inovadora linha de trabalho nos últimos quatro anos, com resultados significativos.

 

Assim afirma a alergista Alicia Armentia, que apresentou estes avanços em uma seção científica realizada no dia 03 de outubro na sede da Real Academia de Medicina e Cirurgia de Valladolid, no Palácio de los Viveros. Conforme explicou a DiCYT, até o início desta pesquisa em 2008, considerou-se às drogas como um produto que originava diversos efeitos tóxicos, “nada relacionado com uma hipersensibilidade de tipo imune”.

 

Em colaboração com pesquisadores da área de Toxicologia do Hospital Río Hortega, da Associação Cidadã de Ajuda à Drogodependência (Aclad), da Universidade do País Vasco e da própria Seção de Alergia, realizou-se um projeto financiado pela Junta de Castela e Leão no qual se estudou se os dependentes de drogas “têm anticorpos a drogas, isso é, se ao mesmo tempo em que têm problemas tóxicos também criam anticorpos que podem ser mensuráveis”.

 

A equipe científica desenhou uma série de experimentos e analisou dois grupos de pacientes: pessoas alérgicas que se dirigiam ao Hospital, “já que estes pacientes são os que mais possibilidades têm de sensibilizar-se a qualquer produto, animal, vegetal, ou de qualquer outra fonte”; e dependentes de drogas, que participaram voluntariamente dos testes.

 

“Realizamos extratos das drogas que podiam afetar a população, o cannabis é o mais utilizado, mas também estão a cocaína ou a heroína. Obtivemos permissões para fazer os estudos com cannabis e cocaína, e no caso da heroína manejamos sementes de ópio, que é a fonte, já que o importante são as proteínas alergênicas e não o tóxico em si, e a semente contém todo o proteoma, isso é, todas as proteínas que dão lugar à planta”, detalha a doutora Armentia.

 

Método simples e econômico

 

Através dos teses com estes extratos nos grupos de pacientes os pesquisadores puderam desenhar e patentear “um método simples e barato para detectar anticorpos e opióides”. Isto é muito importante já que os opióides têm muitos usos na medicina, como anestésicos nas intervenções cirúrgicas e também como analgésicos. “Em alguns casos não são muito utilizados porque provocam reações sérias, e com o método que desenvolvemos, baseado em uma tecnologia simples, um teste imunológico, podemos detectar anticorpos a opióides, cannabis e cocaína”

 

Isto representa superar as limitações existentes com as técnicas atuais, com as quais somente é possível medir estas drogas nos períodos próximos ao consumo, “enquanto se uma pessoa se sensibiliza às drogas os anticorpos são mensuráveis durante muitos anos, e poderemos saber se esse paciente teve contato com essas drogas, o que também tem uma repercussão legal e forense, além de ser útil para alertar os pacientes de cirurgias com risco a que mudem de anestésico, uma aplicação que já está sendo utilizada”, destaca.

 

Atualmente, o projeto continua avançando e os pesquisadores aperfeiçoaram uma técnica baseada na proteômica, “uma técnica de análise molecular de alérgenos que serve para saber não somente qual é a fonte da alergia, mas concretamente o epítopo, que é a menor porção de alérgeno que pode desencadear a reação imune”. Do mesmo modo, solicitou-se a patente européia e espera-se difundi-la também nos Estados Unidos.

 

Trata-se, assim, de considerar a droga como, além de um agente tóxico, “uma substância capaz de desencadear uma reação imune tal qual, por exemplo, o veneno de uma vespa, que é tóxico e que apenas com uma picada poderia levar um alérgico à morte”. Através da técnica desenvolvida “será possível prevenir reações adversas tão graves”. Já existe uma patente espanhola e foi emitida há um mês uma patente européia que será difundida por todos os países da União Européia e possivelmente também nos Estados Unidos.

 

Problema em auge

 

Apesar da Pesquisa Nacional de Drogas indicar que os consumos estão diminuindo, nas clínicas cada vez estão sendo registrados mais ingressos de urgência. No caso do cannabis, estes ingressos “foram multiplicados por 10 nos últimos anos”, enquanto com a cocaína “passaram de 20% a 70%”. “Nos demos conta de que estes número não podem ser justificados apenas com a reação tóxica, mas que deveria existir uma resposta mais grave que justificasse o fato de que cada vez existam mais casos de afetados”, afirma a doutora Armentia, que agrega que a alergia ocorre cada vez com maior freqüência na população jovem que vive nas cidades e entre fumantes, um perfil de risco que tende a “sensibilizar a mais alérgenos, e a droga é um deles”.