Salud España , Salamanca, Miércoles, 05 de septiembre de 2012 a las 15:44

Estuda-se a proteína CRB2 e sua relação com as distrofias da retina

Cientistas do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl) pesquisam ‘in vitro’ e com ratos

José Pichel Andrés/DICYT O Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl) da Universidade de Salamanca iniciou uma pesquisa para saber qual é o papel de uma proteína conhecida como CRB2 em distrofias da retina que em alguns casos podem resultar em cegueira. Até agora se sabe que as mutações de outra proteína da mesma família estão associadas à retinose pigmentária de tipo 12 e à amaurose congênita de Leber, de modo que os cientistas acreditam que o estudo desta proteína também pode revelar chaves importantes para combater este tipo de doenças.

 

O grupo de pesquisa de Concepción Lillo trabalha com o grupo de proteínas CRB, que estão envolvidas na diferenciação celular, o processo pelo qual as células sofrem modificações para desempenhar uma função específica. Segundo explicou a DiCYT, estão relacionadas com a adesão celular, a capacidade das células de unir-se a outros elementos, que é essencial para conseguir essa diferenciação. Assim, quando esta família de proteínas apresenta algum defeito, as células não se diferenciam corretamente. Neste caso, se a proteína CRB1 sofre mutações, as células que processam a informação visual, chamadas fotorreceptoras, não podem unir-se com a célula glial que serve de suporte e acabam degenerando-se.

 

Concretamente, as mutações na proteína CRB1 vinculam-se à retinose pigmentária de tipo 12 e à amaurose congênita de Leber. As duas são patologias hereditárias baseadas em uma degeneração dos fotorreceptores. Na retinose pigmentaria se perdem as células fotorreceptoras chamadas bastões e o paciente perde primeiro a visão periférica. A aparição desta doença varia muito segundo os casos, enquanto que a amaurose aparece em crianças e afeta também outros órgãos, mas de maneira mais leve.

 

Funções

 

Ambas são causadas por mutações em uma grande variedade de genes e um deles é o CRB1. No entanto, existem outras duas proteínas da mesma família cujo papel é desconhecido, CRB2 e CRB3. “Sabe-se que as duas estão na retina, mas estamos tentando averiguar qual é a função que realizam”, explica a pesquisadora. Assim, “desenhamos anticorpos específicos que reconhecem as três proteínas separadamente, e assim conseguimos saber em que células estão expressadas cada uma delas”.

 

Especificamente, o trabalho iniciado agora com o financiamento obtido da Fundação Ramón Areces se centrará em pesquisar a CRB2. Graças aos anticorpos desenhados, “vimos que esta proteína encontra-se de forma específica no epitélio pigmentar da retina, um lugar em que ainda não havia sido descoberta. Como já foi visto que esta família de proteínas está envolvida em funções de adesão celular, acreditamos que se conseguirmos eliminar a CRB2 do epitélio pigmentar, provocaremos uma lesão muito específica nestas células”, indica a cientista, o que que provaria a função que desenvolve.

 

Ademais, esta linha de pesquisa pode ter importantes implicações não só relacionadas com problemas de visão. A CRB2 também está presente no cérebro, unida a um complexo protéico chamado gamma-secretase, que produz beta-amilóide, uma substância cuja acumulação produz as placas senis próprias da doenças de Alzheimer.

 

Degeneração macular

 

Em experimentos com cultivos de neurônios comprovou-se que se eliminamos a CRB2, a função de gamma-secretase diminui e produz menos beta-amilóide, de modo que se elimina um fator que acelera a doença de Alzheimer”, comenta Concepción Lillo. Analogicamente, os pesquisadores consideram que eliminar a CRB2 do epitélio pigmentar, no qual também há gamma-secretase, produzirá menos beta-amilóide, o que pode ser importante porque “na degeneração macular associada à idade, outra doença degenerativa da retina, viu-se que a beta-amilóide é produzida. De fato, muitos artigos relacionam o Alzheimer e esta patologia, porque existem depósitos de beta-amilóide na retina”, indica a cientista.

 

Para comprovar todas estas hipóteses, os cientistas silenciarão ou sobreexpressarão a CRB2 no epitélio pigmentar de forma in vitro, mas também desenvolverão um rato através do Serviço de Experimentação Animal da Universidade de Salamanca para corroborá-lo in vivo.

 

Ficha de pesquisa

 

Projeto: Análise da contribuição da proteína CRB2 ao estabelecimento e manutenção das uniões aderentes do epitélio pigmentar e sua relação com distrofias retinianas. Duração: três anos. Orçamento: mais de 100.000 euros. Financiamento: Fundação Ramón Areces.