Salud España , Salamanca, Lunes, 09 de enero de 2012 a las 15:14

Novas revelações sobre a resposta do cérebro ante sons de alerta

Equipe do Instituto de Neurociências de Castela e Leão publico a descoberta na prestigiada revista científica “Journal of Neuroscience”

José Pichel Andrés/DICYT A revista científica “Journal of Neuroscience”, uma das mais importantes no âmbito específico das Neurociências, acaba de publicar uma pesquisa do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl) da Universidade de Salamanca que representa um novo avanço no conhecimento do funcionamento básico do sistema auditivo. Concretamente, um grupo de pesquisa estuda os neurônios que permitem distinguir os sons novos, aqueles que, por contraposição aos sons habituais, não servem de alerta, como a buzina de um carro. Dentro desta linha, conseguiram demonstrar pela primeira vez que estes neurônios não tem origem no córtex cerebral, de modo que o processamento de um som de alerta parte de partes inferiores do cérebro para cima, até o córtex.

 

“Nossa linha de pesquisa consiste em entender como funcionam estes neurônios que detectam a novidade”, afirma Manuel Sánchez Malmierca, cientista do Incyl e responsável pelo estudo em declarações a DiCYT. Até pouco tempo, os especialistas pensavam que estes neurônios, denominados pelos cientistas de Salamanca de neurônios novelty, originavam-se no córtex cerebral. No entanto, esta equipe já demonstrou anteriormente que também estavam presentes no tronco do encéfalo e no tálamo, de modo que “restava a questão de se eram gerados nestes núcleos inferiores e transmitidos ao córtex, ou se era o contrário, se eram gerados no córtex e transmitidos através de projeções descendentes”.

 

Para os cientistas era importante saber se este processo ocorria debaixo para cima, ou de cima para baixo no cérebro com o objetivo de continuar avançando no conhecimento do sistema auditivo. Por isso realizaram esta pesquisa, na qual estudou-se o que acontece com estes neurônios mediante a técnica de esfriamento cortical. “Consiste em esfriar o córtex cerebral”, explica Sánchez Malmierca, “ao fazê-lo, os neurônios são desativados porque seu metabolismo diminui e, assim, registramos no tálamo a atividade de um mesmo neurônio, antes, durante e depois de esfriar o córtex”, comenta.

 

Este esfriamento consegue paralisar os neurônios do córtex, mas não os mata, de modo que voltam ao seu estado normal e os resultados podem ser comparados. Neste caso, a chave está em que ao esfriar o córtex elimina-se a possibilidade de executar processos que vão do córtex para baixo. Ou seja, quando se desativa o córtex há muitas propriedades no tálamo afetadas e, portanto, isto significa que estas propriedades dependem do controle cortical. Contudo, o controle desta “adaptação específica a estímulos” não está relacionado com o córtex, de acordo com os experimentos do Incyl. “Notamos que os neurônios mantinham completamente sua sensibilidade a sons novos, independentemente de que ativássemos ou desativássemos o córtex”, afirma o pesquisador.

 

Portanto, “demonstramos pela primeira vez que a reação perante um som de alerta é um processamos de baixo para cima. É muito provável que seja gerada no colículo inferior e que então passe ao tálamo, onde se modulam as respostas e, finalmente, cheguem ao córtex, que terá um papel importante, mas não na origem”, indica.

 

Próximos passos

 

Esta descoberta tem importantes implicações para continuar avançando no estudo dos sons novos, mas agora “queremos saber quais neurotransmissores estão envolvidos na modulação e geração da adaptação específica a estímulos”. Por adaptação, os cientistas entendem o processo pelo qual este tipo de neurônios responde cada vez menos na medida em que um estímulo se repete, já que servem, precisamente, para reagir perante estímulos novos. “Uma das hipóteses que temos é a de que se deixa de responder é porque existe algo que os inibe. O neurotransmissor inibitório mais importante no colículo é o GABA e exerce um papel importante, mas não decisivo por completo, de modo que a equipe de Malmierca dispõe-se também a analisar outros neurotransmissores, como a glicina.