Identificam bactérias presentes em zonas pantanosas artificiais para otimizar estes sistemas de depuração
Antonio Martín/DICYT A província de León conta atualmente com três zonas pantanosas artificiais que depuram água residual. Localizados em Bustillo de Cea, Culillas de los Oteros y Fresno de la Vega, estes sistemas procuram imitar ecossistemas reais, nos que convivem plantas e microorganismos. Estes organismos e o substrato destes sistemas permitem reduzir de forma natural os contaminantes da água. Um estudo científico identificou as bactérias que fazem parte destes peculiares sistemas de tratamento, o que permitirá, segundo seus autores, obter a informação necessária para otimizar a gestão destas zonas pantanosas artificiais.
Pesquisadores da Universidade de León empregaram técnicas de amplificação de genes das bactérias descobertas nas zonas pantanosas artificiais. Apesar de seu alto custo, “esta técnica é atualmente a única que proporciona um conhecimento detalhado das comunidades bacterianas que intervêm nos processos de eliminação dos contaminantes da água”, explicam a DiCYT os professores do Departamento de Biodiversidade e Gestão Ambiental Gemma Ansola e Luis Sáenz de Miera.
Com as técnicas de amplificação por PCR (reação em cadeia da polimerase), a clonagem e o seqüenciamento genético do ribossomo das diferentes espécies que compõem estas bactérias, obtiveram as seqüencias de DNA destes microorganismos. Estes dados foram contrastados com as bases de dados públicas e os pesquisadores observaram que a maioria das seqüencias encontradas pertenciam a espécies bacterianas nunca antes cultivas em laboratórios, “e, portanto, ainda não descritas nem denominadas”, afirmam os cientistas. O fato de que estas espécies sejam novas para a Ciência não impede conhecer seu papel na comunidade, apontam os investigadores, já que podem relacionar-se com outras filogeneticamente próximas.
Protobactérias, as mais numerosas
O grupo mais abundante encontrado neste estudo foi o das protobactérias, um grupo muito variado e amplo, especialmente as classificadas como protobactérias beta e gamma; bacteroidetes, um filo também muito distribuído na natureza. No total, a diversidade encontrada nestes ambientes foi “enorme”, com até 15 filos de bactérias diferentes, “alguns deles tão estranhos que nem mesmo têm nomes clássicos”. Nas zonas pantanosas analisadas foram encontradas diferenças entre as comunidades associadas à rizosfera, a zona superior da água que é habitada por plantas, bem como segundo a origem das águas residuais. Quando estas procediam de criações de gado, era mais freqüente encontrar bactérias da ordem Burkholderiales, protobactérias beta que intervêm no metabolismo do nitrogênio. Nas de origem urbana, predominava as da ordem Pseudomonadales, relacionadas com a decomposição da matéria orgânica.
Os pesquisadores focalizaram seu interesse profissional em um campo pouco explorado até então. Não é muito comum que sejam desenvolvidos trabalhos como o que realizaram os biólogos e ambientalistas da Universidade de León, e quando executados empregam técnicas menos precisas que nesta ocasião. Geralmente, buscam-se certas bactérias, de forma não tão ampla como neste caso. Isso apesar de que “o entorno das águas residuais seja muito rico, de modo que a diversidade encontrada é muito elevada quando comparada com outros habitats, como os das águas limpas”.
O tratamento da água residual de zonas pantanosas artificiais está baseado na ação dos microorganismos que vivem na zona mais próxima das plantas que habitam estas águas (denominadas macrófitas). O ser humano procurou reproduzir as circunstâncias ocorridas na natureza em que microorganismos, plantas e o substrato das zonas pantanosas, atuam como agentes biogeoquímicos. Estes microorganismos, fundamentalmente bactérias, são responsáveis pela mineralização dos agentes contaminantes encontrados nas águas, procedam eles das cidades, da pecuária ou da mineração. O projeto de pesquisa contou com o financiamento tanto da Assembléia Legislativa de León, que permitiu a instalação e manutenção desta plantas depuradoras, quanto da Junta de Castela e Leão, que subvencionou a análise molecular.