Technology Spain , Salamanca, Wednesday, September 12 of 2012, 16:48

Aeronave desenhada para inspecionar as hélices de aerogeradores

A adaptação do ‘aracnocóptero’ da empresa Arbórea às necessidades do setor eólico permite reduzir custos na revisão dos moinhos

José Pichel Andrés/DICYT Após desenvolver um veículo aéreo não tripulado chamado ‘aracnocóptero’, a empresa Arbórea, localizada no Parque Científico da Universidade de Salamanca, adaptou este aparelho às necessidades das companhias de energia eólica para a revisão das hélices dos aerogeradores. Com o passar do tempo estes gigantescos moinhos sofrem danos e sua reparação é muito cara. Até agora as revisões preventivas também era caras, mas esta pequena aeronave robótica pode oferecer informação precisa de forma muito econômica.

 

O ‘aracnocóptero’ é fruto de quatro anos de PD&I por parte da Arbórea e do grupo de pesquisa Bisite da Universidade de Salamanca. Diante de outras UAV (do inglês unmanned aerial vehicle ou veículo aéreo não tripulado), apresenta numerosas vantagens, já que é pequeno, mas pode portar vários quilos de peso e oferece grande estabilidade. O aparelho pode ser manejado a partir de uma tablet e pode estar equipado com muitos tipos de câmeras e sensores. Atualmente passou de oito motores (que lhe dão o nome, já que as aranhas têm oito patas) a seis, para adaptar-se a esta função específica. O nome do novo modelo é Eol 6.

 

O trabalho de adaptação foi realizado pela empresa Altertec, uma multinacional de manutenção eólica com sede em Valladolid. “Adaptamos nossa plataforma para desenvolver a primeira aeronave específica para realizar inspeções de aerogeradores eólicos”, explica a DiCYT Carlos Bernabéu, responsável pela Arbórea. “Ainda que aqui tenham diminuído as energias alternativas, no resto do mundo estão em expansão por sua grande rentabilidade e a Espanha se destaca nesta indústria”, ao contar com “boa parte das empresas inovadoras em relação à infra-estruturas e manutenção desta energia limpa”, indica. Assim, a idéia deste projeto é proporcionar uma ferramenta para facilitar um aspecto essencial como a manutenção das hélices.

 

Desgastes

 

Os aerogeradores, que atualmente podem ter hélices de até 100 metros de comprimento, especialmente os marinhos, “sofrem um desgaste surpreendente apesar de estar feitos de materiais resistentes”, afirma o especialista. Fatores como as mudanças de temperatura, os raios ultravioletas do sol ou as velocidades que alcançam as extremidades das hélices com ventos fortes são fatores muito importantes. Ainda que pareça incrível, “quando há vendavais ou tormentas, o vento arrasta pedras de tamanho considerável que fazem buracos que, por sua vez, propiciam uma entrada de ar no interior da estrutura, o que faz com que as hélices acabem rachando”, indica Carlos Bernabéu.

 

Quando a deterioração é incipiente, as hélices podem ser reparadas a um custo baixo, mas quando são produzidas rachaduras estruturais tão importantes é necessário descolá-las, e isso representa um gasto enorme para as companhias, de modo que as seguradoras exigem que exista um bom plano de inspeção e manutenção dos aerogeradores.

 

Assim, atualmente há dois procedimentos. O primeiro é utilizar guindastes com cestas muito altas que sobem o pessoal da manutenção até a altura adequada, um método caro, lento, não isento de riscos e somente aplicável com ventos moderados, já que a cesta tem que subir em algumas ocasiões até 150 metros. A segunda opção consiste em usar um equipamento de trabalhos verticais, o que implica muitos trabalhadores e muito tempo, ainda que até agora seja a única solução para os parques eólicos marinhos.

 

Software automatizado

 

Como alternativa, Eol 6 realiza este trabalho em tempo record, com um sistema de câmeras que pode ser controlado por apenas uma pessoa da terra e um software que permite administrar as imagens. “O programa agrega automaticamente os dados que este setor necessita: hora, posição GPS e altura do defeito; de tal modo que cria um relatório imediatamente”, comenta. Deste modo, Arbórea calcula que os custos do sistema são 10% do que representam os métodos tradicionais e que, portanto, “amortizam-se em poucas inspeções”.

 

O aparelho é tão fácil de manusear que bastam algumas horas para controlá-lo com eficácia, segundo os técnicos, mas para que um técnico seja eficiente em um trabalho tão específico, como a inspeção dos aerogeradores, requer-se uma formação mais intensa, de modo que a empresa do Parque Científico da Universidade de Salamanca prepara já um curso para os próximos meses.

 

Melhoras contínuas

 

Apesar de a Arbórea contar já com muita demanda, continua trabalhando em sua linha de PD&I para melhorar o produto e sua eficiência. Em quatro anos de trabalho houve uma “transformação absoluta” no campo da eletrônica, do software e do desenho deste aparelho fabricado basicamente com titânio e carbono. “Tudo o que utilizamos avança a passos gigantescos. Isto nos obriga a estar sempre trabalhando para fazer mudanças, mas também nos permite melhoras substancialmente em todos os aspectos”, afirma o responsável pela Arbórea, em referência a fatores como a duração das baterias, das câmeras, dos sensores e dos sistemas de estabilização, muitos dos quais sofreram avanços “impensáveis” há pouco tempo.

 

Em todos casos, Eol 6 já está em fase de comercialização e a empresa do ‘aerocnocóptero’ se abre a novos setores, além do eólico. “A plataforma pode analisar outras infra-estruturas e obter imagens aéreas, é como um satélite pequeno que voa a baixa altura e oferece uma qualidade extraordinária. Ademais, pode manter-se estático, sem vibrações e em condições meteorológicas adversas. Estas características são muito valiosas e podemos adaptar o software e o hardware ao que o cliente precisa”, indica Carlos Bernabéu.